

A história de Vitória do Mearim, cidade distante 178 km da capital acumula episódios marcantes na trajetória da formação do povo maranhense, com origens fincadas no remoto século XVII Para refletir e recontar parte dessa história, neste final de semana, nos dias 14 e 15 de dezembro, será concluída a programação do I Festival de Cultura Vitoriense.
O festival comemorativo dos 240 anos de inauguração da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, marco referencial da história da cidade debruçada às margens do Rio Mearim. A inauguração da igreja ocorreu em novembro de 1784.


O evento é uma realização da Academia Vitoriense (Instituto de Literatura, História, Geografia, Artes e Ciências) em parceria com a Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré de Vitória do Mearim, com apoio da Prefeitura Municipal.
Dentro da programação do festival haverá o lançamento do livro ‘1784 e Outros Momentos Marcantes da História de Vitória do Mearim’, de autoria de Washington Cantanhêde. Promotor de Justiça e membro fundador da Academia, Washington Cantanhêde é autoria de obras que contam a história da cidade: ‘Vitória do Mearim dos primórdios à emancipação’, obra publicada em 1998, dando início a uma trilogia composta ainda por Vitória do Mearim da emancipação à era dos intendentes, e, por fim, ‘Vitória do Mearim no século XX’.


“A construção dessa Igreja da Matriz, de Nossa Senhora de Nazaré, em Vitória do Mearim, foi um fator de alavancagem do processo de crescimento do povoado Vitória, que na época já existia. Naquela época as igrejas funcionavam como fator de aglutinação populacional. A partir daí houve o crescimento do povoado até sua transformação em município”, pontua Washington Luiz Maciel Cantanhede, Promotor Público Estadual, idealizador e organizador das festividades.


Muitas são as histórias que pairam entre o solo e o céu de Vitória do Mearim. Há curiosidade sobre o significado correto do seu topônimo. O vocábulo mearim teria suas raízes na língua tupí-guarani, com significados em choque: significando ao mesmo tempo ‘rio do povo” e “rio dos prisioneiros”, sendo a bacia hidrográfica do rio a maior do Estado com 99.058,68 km², equivalente a 29,84% da área total do território maranhense, abrangendo 83 municípios.


Durante os dois de programação, historiadores, intelectuais nativos passam a história a limpo desde os seus primórdios, fortalecendo assim a memória da cidade. Dentro de espectro dessa memória está a presença de Trajano Galvão, tema da palestra do professor da UEMA, Henrique Borralho, que no dia 14 sucede o padre Rozivaldo Freitas Moraes, pároco da Igreja. No Auditório Pe Sérgio Ielmetti.


Patrono da Cadeira Nº 20 da Academia Maranhense de Letras, Trajano Galvão nasceu em Vitória do Mearim em 1830 e faleceu aos 34 anos de idade. Na palestra, Borralho abordará o percurso da poética de contrapelo à escravização lavrada por Galvão em breve tempo de vida. No mérito de introduzir o negro na poesia nacional, Galvão antecede Cruz e Sousa e outros renomados da literatura brasileira.
Na linha do tempo de Vitória do Mearim quem surgiu primeiro foi a Freguesia de Nossa Senhora de Nazaré, em 1723. Oficialmente a cidade ganhou este nome em 1948.
As atividades culturais preparatórias para o festival vêm acontecendo desde o dia 30 de novembro. Desde então a população tem sido atraída por trabalhos de expressões artísticas variadas, incluindo música, literatura e religiosidade.


A importância da edificação da igreja foi sublinhada pela historiadora Maria da Glória Correa em palestra focada na trajetória de Quitéria Francisca Sebastiana: uma mulher da Ribeira do Mearim na Segundo metade do Século XVII”. A palestra, ocorrida no dia 7 de dezembro, fez parte do Seminário de Valorização Histórico-Cultural de Vitória do Mearim”.
A obra do artista vitoriense Airton Marinho também integra a grade de programação do festival. Reconhecido internacionalmente, Marinho trabalha há mais de quatro décadas com a xilogravura, expressão plástica tradicionalmente nordestina. A arte do vitorinense chama atenção do mundo inteiro por apresentar nuances coloridas pouco utilizada por aqueles que imprimem a imagem no papel a partir de uma matriz de madeira.
Edição: Gutemberg Bogéa