Porque não perco a FeliS (Feira do Livro de São Luís) de vista de muito perto, desde sua primeira edição, conheço de cor e salteado as que deixaram muito a desejar, como no Ceprama, na Praia Grande, e a pior de todas, no ano passado, num lugar ermo do Campus do Bacanga, posso falar de cadeira estofada que a 16.ª edição nos dá uma lembrança fortuita das três primeiras, na gestão do prefeito Tadeu Palácio, com a que estreou e teve por patrono o romancista Josué Montello, de 18 a 27 de outubro de 2006. A par disso, o distinto leitor entenderá por que estou a cavaleiro para incensar esta que me concede entusiasmo e bairrismo, e por que mando daqui, frequentemente, o linguajar popularesco, que adquiro espontaneamente de contato qual este de uma toada do amo Zé Paul, em 1990, no Batalhão de matraca do Boi da Madre de Deus:


“Estou ouvindo comentário na Ilha do Maranhão/de que o Boi da Madre Deus está chegando!/É minha alegria, é minha paixão,/viver na Ilha, cantando boi pra São João/! Os ofendidos começam a falar mal de mim:/Uns me chamam de feio, outros de ruim!/Eu faço cantador morrer de coração,/depois toco foguete e rasgo a boca do balão”! Como, igualmente, sou unha-e-carne com seara intelectual baseada na Literatura, entrevejo neste ensejo a hora passando do prefeito Eduardo Braide acenar com o ressurgimento do Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, mandado para as cucuias pelo seu antecessor, consoante discursei, na noite de anteontem, quando relancei quatro obras no Espaço do Escritor Maranhense: O então alcaide, em 2015, tornou fora-da-lei o certame que iniciou em 1955, e seria por minha causa por ser o único vencedor em primeiro lugar do 36.º Concurso que berrei no jornal para eu ser valido pelo mecanismo legal, ante ser surrupiado em três salários mínimos (recebi só sete dos 10 oferecidos) e não haver o meu livro de crônicas a Ilha em Estado Interessante no rol das obras impedidas de vir à luz por ser campeã no Cidade de São Luís!
Abertura por cima


Considerado, com todas as letras, o maior evento literário do Maranhão, a 16.ª FeliS foi aberta pelo prefeito Eduardo Braide, às 19 h de 13 de outubro, neste ano homenageando o Bicentenário de Nascimento do Poeta Gonçalves Dias, e seguira até o dia 22 de outubro, na Praça Maria Aragão, no Centro da Capital. A FeliS é uma realização da Prefeitura de São Luís, por intermédio das secretarias municipais da Cultura (Secult) e de Educação (Semed). Participaram da abertura, a vice-prefeita Esmênia Miranda; os secretários Marco Duailibe (Secult), Caroline Marques (Semed), Igor Almeida (Comunicação), Nirvana Anchieta (Semsa) e Felipe Mussalém (Amdes). Também estiveram presentes a supervisora de Cultura do Sesc Maranhão, Betânia Pinheiro; a gerente institucional da Vale, Gisele Pinto; a superintendente da Previdência da Associação dos Livreiros do Maranhão, Rosa Maria Ferreira Lima, e o vereador Dr. Gutemberg (PSC).
Valeu um show
A solenidade contou com uma encenação teatral homenageando Gonçalves Dias, com atores descendo para o recinto da FeliS vindo da Praça Gonçalves Dias, além de apresentação de Street Master, com a companhia de danças urbanas Dance Class, que deu uma nova roupagem e movimentos a clássicos da música maranhense. Neste ínterim, houve ainda a recitação de poesias escritas por estudantes da UEB Justo Jansen também em homenagem ao poeta maranhense. Com tudo saindo a contento, Braide falou da sua satisfação muito visível: “A Feira do Livro de São Luís é um evento muito importante para a nossa Cultura, para a nossa Arte, para a nossa Cidade. Neste ano,m teremos 54 stands, entre livreiros e sebos, quatro espaços infantis, espaços para lançamentos de mais de 100 livros. Além disso, nove autores nacionais estarão aqui, convivendo com vocês e apresentando as suas obras. Mas, acima de tudo, é muito gratificante ver a Cultura de São Luís respirando através dos livros. É uma felicidade estar aqui hoje abrindo mais uma edição desse evento já consolidado aqui na nossa Cidade!” —- assinalou ao lado da primeira-dama, Graziela Braide.
Caravanas de estudantes


Foi informado que a grande novidade deste ano é a projeção de vídeo mapping na estátua de Gonçalves Dias, situada na praça que leva seu nome, que apresentará poemas diariamente, proporcionando um toque especial à feira. Além disso, os estudantes da rede pública de ensino receberão um vale-livro exclusivo para a compra de livros na feira. A Feira do Livro de São Luís atrai caravanas de estudantes de mais de 10 municípios do interior do Estado, demonstrando seu impacto educacional e cultural em toda a região. Em média, a FeliS vem recendo por edição cerca de 150 mil visitantes e tem como público-alvo estudantes de escolas da rede pública e privada, assim como universitários, educadores, artistas, escritores e sociedade em geral.
Repertório cultural
Com uma programação variada e gratuita, que abrange todas as faixas etárias, a 16ª FeliS inclui desde contações de histórias e espetáculos infantis até palestras, rodas de conversa, aulas-show, seminários, oficinas, minicursos, exposições, lançamento de livros, sessões de cinema, bate-papos, visitas às escolas, performances teatrais, além de outras atividades.
A Praça Maria Aragão


Inserido no senso comum o secretário municipal de Cultura, Marco Duailibe, concluiu, exitoso, que “A Praça Maria Aragão não apenas é o berço da Feira do Livro, mas também desempenha um papel fundamental ao tornar o evento acessível a todas as pessoas. A FeliS é também uma grande oportunidade de geração de emprego e renda temporária para quem tem os seus próprios negócios de produtos alimentícios e que queiram vender por aqui. Com isso, o evento cultural se manifesta não apenas na celebração da Literatura, mas também na sua capacidade de impactar positivamente a comunidade e a economia local!” — acentuou.
AML e os escritores de fora
Neste ano, a FeliS contou com a presença de renomados escritores internacionais e nacionais. Dentre os destaques, estão a presença do autor cubano Marcial Gala, autor do romance A Catedral Negra, que recebeu o prêmio Alejo Carpentiner, em 2012, e foi premiado pela publicação de seus livros. A Academia Maranhense de Letras (AML), que montou em seu stand uma réplica da sua sede, com homenagens ao 200 Anos de Nascimento de Gonçalves Dias, tem destaque com seus membros em mesas-redondas, como as que realçam a presença do Cantor dos Timbiras no cenário literário nacional e além-fronteira.
Estrutura


A 16.ª FeliS tem seguinte estrutura: estandes para comercialização de livros; estandes para Sebo Literário; estandes de editoras das Universidades e Academias de Letras; dois auditório para realização de palestras e apresentações artísticas, com capacidade para 150 pessoas cada; espaço para lançamento e sessão de autógrafo de livros; espaço para recepção de crianças com programação infantil, com a equipe da Biblioteca Municipal José Sarney; carro Biblioteca Semed com equipe da coordenação de educação infantil; carro Biblioteca Semed com equipe da coordenação de Ensino Fundamental; Bibliosesc – Biblioteca Móvel do Sesc, com programação de contação de histórias, oficinas e mediação de leitura; área para Artesanato, um espaço para exposição e venda de artesanato local; Praça de alimentação.
Texto: Herbert de Jesus Santos