A expressão do título que significa laço, laçada, prisão, impedimento entre outros, é o que o poder público acabou aplicando em nossos artistas, digo os da terrinha, neste carnaval. Para cada tipo de arranjo amarradiço, a sabedoria popular ofereceu uma alcunha, o nó de porco se notabiliza pela segurança que oferece e dificuldade de desfazê-lo.
A briga política e midiática entre o Governo Brandão, (digo Duarte) e o Prefeito Braide, acabou arrastando para o sacrifício nossa classe artística e toda cadeia produtiva da folia: para início de conversa, feriram de morte uma tradição de desfiles nos dias de Momo. A transferência dos desfiles de carnaval é compatível, guardadas as proporções, a comemorar o período junino em agosto ou o Natal no dia Mundial da paz. É, grosso modo, transformar o carnaval em micareta, o que pensávamos tinha viajado com o Sarneyismo.
Não bastasse a transferência, potencializaram os recursos para o pagamento dos artistas nacionais em detrimento da prata de casa, basta a constatação de que alguns destes cachês dariam para pagar a totalidade dos artistas locais, durante a temporada. Por incapacidade de diálogo, segregaram a cidade, criaram três locais com o mesmo objetivo, apenas para ter o prazer de chamar de meu. Contrataram, como sem parelha, volumosa quantidade de artistas, afinal o meu carnaval tem que ser o melhor.
Algumas consequências desta atitude: impedir que se fortaleça uma proposta de festa baseada cada vez mais em nossos desejos, crenças e valores. Drenar recursos que poderiam pagar nossos artistas em favor de alguns já consagrados nacionalmente. Tal como na minha infância, quando os antigos circos que chegavam à pequena Bom Futuro e ao saírem levavam todo o dinheiro circulante. Assim será agora, com o impedimento de circular entre nós, recursos transferidos como pagamentos.
Como produtor cultural, lastimo que nossos artistas: músico, cantores e percussionistas ficaram impedidos de exercerem suas profissões, pois seus contratantes, primeiro as brincadeiras, ficaram sem apresentações, ou foram estas, drasticamente reduzidas nos circuitos carnavalescos. Segundo as casas de shows, deixaram de contratar pelo fato de ser impossível, cobrando ingressos, competirem com uma programação gratuita, onde o folião leva sua própria bebida e com atrações em volume jamais observado.
Mais triste ainda, peço o uso de sua memória. Lembram que no passado as ruas e avenidas de São Luís, estavam repletas de outdoor anunciando a festança em nosso interior. Você viu algum neste aninho de meu Deus? Claro que não! Por quê? Respondo: uma violenta ação do Ministério Público, que de repente ganhou as eleições municipais, impediu estas festas. Segundo os alcaides foram convencidos de que era impossível competir com o duplo carnaval da capital, (Brandão X Braide). E assim, como por encanto, as caravanas que partiriam estão chegando. A lei da gravitação ou atração do velho Newton, fez com que mudassem suas destinações.
Não podendo nosso artista tocar para o Governo. Não podendo tocar para particulares. Não podendo tocar no interior. Me diga, por favor, como se estivesse olhando em seus marejados olhos, se não têm eles razão nesta queixa. Responda, caso positivo, com a competência de Zeus ou com a paciência de Jó a quem apresentarão seus queixumes. Diante do nó que eles levaram, do amarrado que se encontram. Carinhosamente peço, por favor, não riam desta desventura, como penso, estão fazendo os produtores deste sofrimento.
Renato Dionísio – Historiador, Poeta, Compositor e Produtor Cultural.