A cidade balneária de São José de Ribamar fica a 32 km da capital do Maranhão, São Luís. Localizada a leste da ilha, é banhada pela antiga baía de Guaxenduba, atual baía de São José. No local, inicialmente existia uma aldeia indígena, habitada pelos índios Gamela. Conta a lenda que o nome atual da cidade se deve a um milagre. Correndo perigo de naufrágio em plena baía, tripulantes de uma embarcação invocaram ajuda a São José, e prometeram erguer uma capela dedicada ao santo na terra que se avistava em frente, caso escapassem com vida. Pedido aceito pelo santo, os sobreviventes ergueram uma capela e trouxeram uma imagem de São José de Portugal e a entronizaram no local.
A devoção ao santo padroeiro do Maranhão é muito grande, e a cidade abriga festas memoráveis, como o Lava Bois, o festejo de São José, em setembro, e o tradicional carnaval do Lava Pratos, que acontece uma semana após o término do carnaval oficial. Essa folia começou em São José no ano de 1946, no então chamado Carnaval da Vitória, em razão de o mesmo ser o primeiro carnaval após a vitoriosa participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
Naquele ano, a Escola de Samba Batuqueiro Naval, de São José de Ribamar, resolveu, na terça-feira de carnaval, visitar as suas co-irmãs de São Luís, dentre as quais a extinta Águia do Samba, no anil, a Turma de Mangueira, no João Paulo, a Flor do Samba, no Desterro, e a Turma do Quinto, na Madre Deus. Estas Escolas de Samba, por sua vez, tomaram a decisão de pagar a visita, no primeiro domingo da quaresma, na sede do Batuqueiro Naval, na rua Nova, perto da Praia de Banho, daí desfilando ainda na Rua Grande, começando assim o primeiro carnaval do Lava Pratos.
Depois do pagamento das visitas desses grupos à Escola Batuqueiro Naval é que outras agremiações de São Luís começaram a peregrinação a São José de Ribamar, em função de terem se sagrado campeãs no carnaval da capital maranhense. Com o passar do tempo, boa parte de blocos, Escolas de Samba, Tribos de Índio, dentre outras manifestações culturais da Ilha, tais como a Casinha da Roça, sempre se deslocavam de São Luís até São José para engrossar com suas atuações o carnaval do Lava-Pratos.
Hoje, convivendo com a tradição, a programação oficial inclui inúmeros grupos de Trios Elétricos e de música eletrônica, que ocupam pontos estratégicos da Avenida Litorânea e da orla marítima, atraindo uma multidão de foliões, sobretudo os jovens. Geralmente, no circuito oficial do carnaval de São José, que compreende a Rua Grande, fica aberto ao carnaval tradicional, a todas as brincadeiras que quiserem se apresentar, tanto de São José quanto de São Luís, como é o caso da Escola de Samba Unidos de Ribamar.
Para quem deseja esticar a folia deste ano, que foi curta, o carnaval do Lava Pratos de São José de Ribamar pode ser uma pedida. Vale a pena saborear um delicioso peixe-pedra na beira da praia, e curtir praias ainda belas, como é o caso da praia do Caúra. No carnaval de São José, já não existe o Grêmio Ribamarense, no qual os bailes carnavalescos reuniam as famílias tradicionais da cidade. Novas opções se impuseram ao longo dos anos, modificando a face da folia de Momo na cidade balneário. Cabe ao visitante conciliar a contemplação das apresentações dos grupos tradicionais e a agitação das bandas e trios elétricos. Novos tempos, novas formas. O carnaval, contudo, continua aglutinando multidões em busca de entretenimento, curtição e alegria.