“Quando a situação for boa, desfrute-a; quando a situação for ruim, transforme-a; e quando a situação não puder ser transformada, transforme-se”, Vickor Krankl (1905-1997), neurologista austríaco.
Com a frase acima abro o primeiro capítulo do livro “Das muletas fiz asas”, que será relançado em breve, juntamente com o selo dos Correios, em comemoração aos 151 países visitados. Hoje, como o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, estou feliz com a caminhada.
No último dia 11 de julho fez vinte anos do acidente que sofri na BR-304, interior do RN, próximo à Mossoró.
Após o acidente, que mudou me vida para sempre, fui obrigado a me reinventar.
“Não sou de resistir, sou de reexistir”, cito José Celso Martinez Correia (1937-2023).
Como não tenho vocação para me vitimizar, tinha que agarrar algo que me levasse adiante. “Ter problemas na vida é inevitável, deixar-se abater é opcional”. As melhores oportunidades surgem na vida daqueles que lutam por ela.
A vida seguiu seu curso, muita coisa mudou, me moldando a cada novo passo.
Encerrei a carreira como funcionário público, após 35 anos, me aposentei. Hoje sirvo o Estado do Maranhão, na Secretaria de Turismo, a convite do governador Carlos Brandão, amigo dos bancos escolares do Colégio Batista.
No período da pandemia do coronavírus, -forçosamente fiquei em casa; iniciei o curso de Jornalismo. Voltar ao ambiente acadêmico, no outono da vida, aos 64 anos, revigorando minhas forças, e inspirando novos caminhos. Coisa boa é conviver com jovens que têm idade de netos. O carinho, a atenção e estímulo da turma faz com que siga em frente, vislumbrando novos horizontes.
Na segunda-feira da semana passada, 10/07, tive o privilégio e a honra de ser diplomado no IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Uma honraria reservada a poucos.
Através do confrade Gutemberg F. Lima, médico e vereador, que gentil e generosamente convidou-me para dividir com ele a cerimônia de posse naquele sodalício. Plenário lotado da Câmera Municipal de São Luís, no centro histórico de minha linda e quatrocentões São Luís, reuni amigos, antigos professores e familiares.
Grande significado e simbolismo, tomar posse na Casa do povo; na parte mais bonita de minha Ilha do Amor.
Graças ao convite e empenho do mestre José Augusto Silva Oliveira, meu professor no curso de Agronomia, na UEMA, passei a ocupar a cadeira de nº 16, cujo patrono é o frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres (1790-1852), religioso português que viveu em nosso estado.
No discurso de posse falei da alegria e gratidão de fazer parte do IHGM:
“Chego, hoje, nesta tribuna, na Casa do Povo de São Luís, com os olhos de ontem. E ainda prisioneiro de uma emoção que não se esgota. O Deus da minha fé, que me guardou a vida, quis que eu chegasse até aqui. Ele não me teria trazido de tão longe, se não me desse também, na sua bondade, as virtudes da paciência, do equilíbrio, da coragem, do idealismo, da teimosia, da firmeza e da visão maior das minhas responsabilidades ao longo da caminhada.
É bíblico, há um tempo para todas as coisas. Há um tempo de plantar, e um tempo de colher. No outono da vida comecei a colher o que plantei lá atrás, ainda menino. O tempo é a eternidade do espaço.
Confesso que este sodalício era para mim era um horizonte longínquo. Leve sedução transformada na ambição que, sem coragem de ser desejo, era um desejo de desejá-lo e, desejando desejá-lo, tornou-se desejo, esperança e sonho. Quem me conhece sabe que os sonhos são minha matéria prima. No dia que não sonho, não existo. Sonho que hoje se realiza, e, como diz poeta argentino Jorge Luis Borges, “quem realiza um sonho, constrói uma parcela de sua própria eternidade”.
Chego aqui trazido, acima de tudo, pela vocação das letras, que me fascinaram desde sempre. Quando garoto de calças curtas, frequentava a Biblioteca Publica Benedito Leite, devorando livros, voando através de suas páginas, que minha imaginação e sonhos, me levavam para longe. Conheci o mundo, primeiro, através dos livros.
Conclui dizendo: “Sou filho de educadora, professora primária. D. Maria da Conceição, me mostrou o caminho do conhecimento através dos livros, em tempos de palmatória”.
“Não vês que somos viajantes?
E tu me perguntas:
Que é viajar?
Eu respondo com uma palavra: é avançar! Experimentais isto em ti
Que nunca te satisfaças com aquilo que és. Para que sejas um dia aquilo que ainda não és. Avança sempre! Não fiques parado no caminho”. Santo Agostinho (354-430) teólogo e filósofo.
“Onde quer que vá, vá com todo seu coração”, Confúcio (552a.C-489a.C) pensador e filósofo chinês. Chego no IHGM com o coração cheio de alegria.
Gratidão ao DEUS Vivo por ter chegado até aqui. Vamos em frente! Avante!
Luiz Thadeu Nunes e Silva – Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.
E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br