Um grupo de jornalista, escritores, compositores e folcloristas, está propondo em reuniões sucessivas, a ideia de que haja uma ampla discussão, em São Luís, sobre a conjuntura dos terreiros de matriz africana Casa das Minas e Casa de Nagô, e já recebeu a melhor atenção da professora e pesquisadora de folclore, Joila Moraes, presidente da Comissão Maranhense de Folclore, e terá, certamente, a de Alex Corrêa, presidente da Associação dos Amigos da Casa de Nagô, da qual ele integra, ao lado de entusiastas da altura de Aírton Ferreira e Betinho Lima.


Evidenciou que esse seu pensamento houve na intenção de Comunidades Tradicionais de Matriz Africanas e Povos de Terreiros, em 2006, em Nova Iguaçu(RJ), com a temática de excluídos dos espaços de debate e de tomada de decisões, e ali com objetivo da revitalização da força mística dos orixás e voduns. Assinalou que a 12ª Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco promoveu, no Recife, o 1.º Seminário de Patrimonialização e Musealização de Bens Culturais dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, nos dias 29 e 30 de agosto de 2019, no terreiro Obá Ogunté, com a cerimônia de abertura contando com a superintendente do Iphan em Pernambuco, Renata Duarte Borba, e do secretário da Cultura de Pernambuco, Gilberto Freyre Neto. Por sua vez, num evento em parceria com a Rede de Jovens de Matriz Africana e Terreiros do Rio Grande do Norte (REJOMATE/RN) e a Comissão Permanente dos Povos de Terreiros de Mossoró/RN (COPPT), fazendo alusão ao Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro de 2019, participantes de diversos terreiros de Mossoró (RN) e outras cidades potiguares parabenizaram a iniciativa de reunir segmento religioso em um momento de troca de ideias, celebração, discussão e de busca de apoios e políticas públicas em defesa dos povos tradicionais e ações contra a intolerância.
Betinho Lima enfatizou que gestores e povos de terreiro estão conferenciando sobre os patrimônios culturais de matriz africana, em todo o País, e que aqui este sucesso tem tudo para acontecer. Ressaltou nomes importantes para valorizarem o ciclo de palestras, como Mundicarmo Ferreti, pesquisadora e autora de diversos títulos pertinentes à Casa das Minas e à Casa de Nagô; Sebastião Cardoso Júnior, um dos maiores estudiosos e autor de Nagon Abioton: um estudo sobre a Casa de Nagô; e, dentre outros, Alex Corrêa, filho de Pai Euclides, considerado um maiores babalorixás do País, sendo fundador e responsável pela Casa Fanti Ashanti, de candomblé da nação jeje-nagô fundada em 1954 e localizada no Bairro do Cruzeiro do Anil.


O périplo da rainha africana — De acordo com Airton Ferreira, a coordenação do acontecimento de relevância, em todo o Brasil, contará com apoio oficial, terá como trazer para a conferência nomes exponenciais do Rio, Recife e Salvador, etc. Pela minha parte, como jornalista e pesquisador, poderei falar sobre a saga de Nã Agotiné ou Ná Agontimé, nascida no vilarejo Tendji, localizado no reino do Daomé, no século 18, que rainha ainda bem jovem teve um filho (Gakpe); com a morte precoce do rei Agonglo aos 31 anos de idade, foi vendida como escrava por Adandozan, filho mais velho de Agonglo, com ordem aos traficantes para que a rebatizassem para não ser mais encontrada”. Sabe-se que seu irmão Gakpe fugiu para o exílio. Porque há contradições em datas da sua presença, em São Luís, pela minha visão arguta de revisor literário e de admirador do assunto, o seminário aludido será uma oportunidade excelente para a sua padronização, e que bom seria se coincidisse com a restauração da Casa de Nagô, obra que tem o interesse do secretário municipal da Cultura, Marco Duailibe!”


Maria Jesuína na Casa das Minas e de Nagô — Com o nome aportuguesado de Maria Jesuína, a rainha africana criou em São Luís a Casa das Minas e ajudou na abertura da Casa de Nagô. Gakpe teria retomado o trono, quando passou a procurar o paradeiro da mãe, no Brasil. De acordo com Herbert, “Bom momento para a confirmação de que a Casa de Nagô foi aberta por duas africanas: Josefa (Zefa de Nagô), que teria vindo de Angola e recebia Xangô, e por Maria Joana Travassos, que ´carregava´ Badé, ajudadas pela chefe da Casa das Minas que, para a maioria, foi aberta antes dela”! Herbert considerou: “É uma das passagens mais grandiosas da historiografia brasileira, no Maranhão, que ostenta outras maravilhas da Mestra da Vida, no ensinamento de Cícero, quanto A França Equinocial ou A Fundação de São Luís, A Revolta de Beckman, e A Guerra da Balaiada — A Sublevação das Três Raças, e A Greve de 1951!”
Texto: Herbert de Jesus Santos