“Há os que lutam um dia, e são bons; os que lutam muitos dias, e são melhores; os que lutam um bom tempo, e são ótimos; e há os que lutam toda uma vida, e esses são imprescindíveis”. Nessa máxima do poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, aflora a convicção de que assim foi a idealização do Jornal Pequeno, no dia 29 de maio de 1951, fundado pelo saudoso jornalista José Ribamar Bogéa. Já faz parte da história que uma desconsideração sentida ao então jovem repórter esportivo pelo editor do periódico em que trabalhava, em 1949, levou o legendário maranhense a desdobrar-se em sua atividade profissional, para, finalmente, dar à luz seu próprio matutino, conforme foi desafiado por aquele então seu diretor, a fim de que pudesse emitir sua opinião através de texto.
Fazendo uma recapitulação das dificuldades superadas, para que fosse realizado o sucesso tão ansiado, vale ressaltar que a criatura saiu à imagem e à semelhança do seu criador. Surgido no fragor da Greve de 1951, quando São Luís virou Ilha Rebelde, ocasionada pela revolta popular contra a posse do industrial caxiense Eugênio de Barros, no Palácio dos Leões, julgada pelos cidadãos só possível por eleição fraudada pela oligarquia do senador pernambucano Vitorino Freire, o Jornal Pequeno logo identificou-se com as causas da coletividade. Ali, o JP assumiu a sua atribuição de publicar o fato conforme sua aparição no movimento que parou o Estado de agosto a setembro do ano supracitado e ganhou repercussão internacional, com os cabeças das Oposições Coligadas aguardando por uma intervenção federal, que não houve por conta do prestígio do vitorinismo junto ao poder central.
Certamente, por sua posição em que elegeu a comunidade da sua terra como foco da sua determinação, tendo em vista os interesses maiores da população, o Jornal Pequeno (leia-se, o jornalista Ribamar Bogéa), aqui e ali, sofreu a perseguição dos poderosos, políticos, principalmente, que viam n´Órgão das Multidões (chamado assim, amiúde, por seu proprietário), um entrave formidável às suas pretensões contrárias ao bem-estar da massa. Ameaças veladas e acusações infundadas nos tribunais, nas várias instâncias, foram enfrentadas com destemor por Ribamar Bogéa e o JP, não sem sacrifícios pessoais, nunca da falta de linha e ideário, quanto até, recentemente, o filho jornalista que o sucedeu na direção-geral, por motivação idêntica, respondeu pelo diário e teve absolvição, em processo tramitando num alto grau da hierarquia judiciária.
A Greve dos Estudantes pela Meia-Passagem, em setembro de 1979, foi outro episódio em que o JP procedeu com isenção de ânimo, cobrindo as escaramuças e ouvindo as partes envolvidas, lideranças universitárias e governamentais. Uma das suas preciosidades jornalísticas era dar guarida aos anseios de pessoas humildes que à sua porta (Redação) fossem bater com solicitação de auxílio contra um figurão, sendo o caso, e dando o direito deste defender-se nas páginas do seu jornal, simultaneamente.
José Ribamar Bogéa nasceu no dia 18 de setembro de 1921, em São Luís, onde faleceu a de 4 de março de 1976. O Jornal Pequeno permanece em boas mãos, sob o comando da viúva e matriarca da família, D. Hilda, dos filhos Lourival, Ribamar Bogéa Filho, Luís Antônio, Luís Eduardo, Gutemberg Bogéa, e de Sebastião Anchieta, viúvo da inesquecível Josilda Bogéa Anchieta, mulher de vital importância para a relevância do Jornal Pequeno, ela, desde muito jovem, na sua direção administrativo-financeira.