Hoje, nas primeiras horas do dia, começará o vaivém de pessoas, em busca de reverenciar, em seus túmulos, a memória dos seus entes queridos, e, se em São Luís, os mais procurados serão os do Cemitério do Gavião, ou de São Pantaleão, o mais antigo e maior, fundado em 1855, o Jardim da Paz, na Estrada de Ribamar, Parque da Saudade, em Vinhais, e os de Maracanã, Turu, São Cristóvão, Tibiri, Vila Nova, Vila Maranhão, São Raimundo (Anjo da Guarda). Na Grande Ilha, as cerimônias fúnebres, com flores ornamentando os sepulcros, e velas acesas e rezas, acontecerão no Memorial da Pax União, em Paço do Lumiar, no Cemitério da Maioba e no de São José de Ribamar, datado de 1900.
Como parte da passagem de Finados, em São Luís, a igreja católica já consolidou, quanto tradição, a celebração de missas, nos campos-santos, quando padres se revezam, desde a manhã, procurando dar um alento a mais aos parentes, amigos e familiares dos falecidos que se acham enterrados.
Ficou consabido, através dos tempos, que o Dia de Finados, em 2 de novembro, foi instituído, na abadia beneditina de Cluny, na França, pelo abade Odilo (ou Santo Odilon [962-1049], como chamado entre os católicos). Ele sugeriu, no dia 2 de novembro de 998, aos membros de sua abadia que, todo ano, naquele dia, dedicariam suas orações à alma daqueles que já se foram. Lemos que sua ação resgatava um dos elementos principais da cosmovisão católica: a perspectiva de que boa parte das almas dos mortos está no purgatório, passando por um processo de purificação para que possam ascender ao paraíso. No estado de purgação, as almas necessitam, segundo a doutrina católica, de orações dos vivos, que podem pedir para elas a misericórdia divina e a intercessão dos santos, da Virgem Maria e do principal mediador, o Deus Filho, Jesus Cristo.
“Nós, ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”, essa frase nada convidativa, que encontramos no frontispício do Cemitério do Gavião, não é criação nossa, qual parece ser, dando até nome do inventor, ali. Na entrada da Capela dos Ossos, localizada em Évora, Portugal, a sentença vem de muitos séculos antes, com a História ensinando de verdade que “A construção é do meado do séc. XVII, e foi edificada por iniciativa de três monges, que pretenderam transmitir a mensagem da transitoriedade da vida”. Leitura também é cultura e coloca os ossos no devido lugar!
De qualquer forma, o Dia de Finados não deixa de ser um transcurso muito significante, quando a memória dos nossos fica mais perene, onde milhões de pessoas vão aos cemitérios levar suas flores, velas, sentimentos e orações aos seus mortos.