O Dia de Santo Antônio, a ser celebrado no próximo domingo (13), acontecerá com muita festa e orações. A primeira missa, em homenagem ao santo casamenteiro, será realizada logo nas primeiras horas da manhã na Igreja de Santo Antônio, localizada no Centro de São Luís. O dia contará com uma programação extensa e várias celebrações. Seria assim mesmo, se ainda neste ano, não houvesse as restrições por conta da pandemia do Novocoronavírus- a Covid-19. Como em outras paróquias, em que o santo é devotado, as celebrações serão reduzidas e as procissões serão substituídas por carreatas.


Se em período normal, ao longo da trezena – período de 13 dias em que geralmente acontecem os festejos do glorioso – seriam muitas as romarias, quermesses e celebrações realizadas. Um traço característico da devoção a Santo Antônio em nosso país é a distribuição dos pães abençoados pelo padre aos mais pobres, símbolo da humildade e da caridade do taumaturgo português. As simpatias para casamento não ficariam a desejar, sendo inúmeras as maneiras que solteiros e solteiras têm para conseguir o tão sonhado enlace. Desde um simples bilhetinho colocado aos pés da imagem em seu dia até amarrar a imagem do santo de cabeça para baixo e lançar em um poço, deixá-lo mergulhado em um copo ou vasilha com água, tirar-lhe o menino Jesus do lado e só devolver quanto a graça for alcançada.
Santo Antônio é muito querido na Capital maranhense, estando presente em toadas, ladainhas populares e várias iniciativas espontâneas no lares da cidade. Recebe ainda recebe muitas homenagens em várias comunidades distribuídas nas 56 paróquias da Arquidiocese, como a igrejinha dedicada ao santo no bairro da Areinha, ou a pequenina capela na Madre-de Deus. As comemorações devotadas ao santo são conhecidíssimas na região.


O que abre as portas— No Largo Santo Antônio, no Centro Histórico, frente à tradicional igreja a ele dedicada, após sua trezena (com quermesse) começaria o atrativo Arraial de Santo Antônio; em todo o circuito da Capital, há os chamados santos juninos como padroeiros, e o primeiro deles é Santo Antônio, como costuma-se dizer por aqui: “Santo Antônio é que abre as portas (da festança!)”.


sem o temor da pandemia em futuro próximo – Gutemberg Bogéa
Na Madre de Deus, há 70 anos — No Bairro da Madre de Deus, o Festejo de Santo Antônio foi criado, há 70 anos, pelo Sr. Raimundo Barata, o popular Dico Barata, e sua esposa, Sr.ª Benedita Barata. Sua filha, Antônia Barata Santos, informou ontem que, com o falecimento dos pais, os filhos seguiram, a tradição, na Rua São Pedro. . Consoante ela, na noite de ontem a trezena continuaria com a missa na frente da capelinha, celebrada pelo padre Eduardo, da Paróquia de São Pantaleão. No próximo domingo (13), o auge das celebrações, com carreata com a imagem do taumaturgo, pelas ruas centrais da cidade, e distribuição de pães.


Fernando de Bulhões com muita história para contar — O nome original de Santo Antônio era Fernando de Bulhões. Ele nasceu em 1195, em Lisboa, numa família nobre e rica. Educado em Coimbra, tornou-se membro da Ordem de Santo Agostinho e foi ordenado sacerdote aos 25 anos. Nesse tempo, a fama de Francisco de Assis já percorria Portugal. Em 1220, a chegada a Coimbra das relíquias de cinco mártires franciscanos mortos em Marrocos levou o jovem a entrar para a Ordem dos Franciscanos. Ele adotou o nome de Antônio e partiu para Marrocos.
A fama do franciscano correu o Mundo — Primeiramente, pertenceu à Ordem dos Cónegos Regulares da Santa Cruz, que seguiam a Regra de Santo Agostinho, no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa, indo posteriormente para o Convento de Santa Cruz, em Coimbra, onde aprofundou os seus estudos religiosos através da leitura da Bíblia e da literatura patrística, científica e clássica. Tornou-se franciscano em 1220 e viajou muito, vivendo inicialmente em Portugal, depois na Itália e na França, retornando posteriormente à Itália, onde encerrou sua carreira. No ano de 1221, fez parte do Capítulo Geral da Ordem em Assis, convocado pelo fundador, Francisco de Assis. Posteriormente, quando sua eloquência e cultura teológica tornaram-se conhecidas, foi nomeado Mestre de Teologia em Bolonha, tendo, a seguir, pregado contra os albigenses e valdenses em diversas cidades do norte da Itália e no sul França. Em seguida foi para Pádua, onde morreu aos 36 (ou 40) anos.


A ascensão da sua santidade — A sua fama de santidade levou-o a ser canonizado pela Igreja Católica pouco depois de falecer, distinguindo-se como teólogo, místico, asceta e sobretudo como notável orador e grande taumaturgo. António é também tido como um dos intelectuais mais notáveis de Portugal do período pré-universitário. Tinha grande cultura, documentada pela coletânea de sermões escritos que deixou, onde fica evidente que estava familiarizado tanto com a literatura religiosa como com diversos aspectos das ciências profanas, referenciando-se em autoridades clássicas como Plínio, o Velho, Cícero, Séneca, Boécio, Galeno e Aristóteles, entre muitas outras. O seu grande saber tornou-o uma das mais respeitadas figuras da Igreja.
Texto: Herbert de Jesus Santos