Eles foram colegas de escola, ainda na década de 80. Nunca mais tinham sido encontrados. Esbarraram-se numa esquina da vida, numa segunda-feira chuvosa, após 40 anos.
Ela o conheceu, indo ao encontro dele.
-Amigo, você continua com a mesma vivacidade, o mesmo entusiasmo, ninguém vê você triste, está sempre dorndo; é simpático tempo todo, o que aconteceu com você durante esses anos todos? Não teve contrariedades nesse tempo?
Ele não teve nem tempo de responder, de fazer uma observação, e ela continuou.
-Acho que tem gente assim mesmo, não vejo contrariedades.
Ele quis argumentar, dizer que todos têm altos e baixos, mas ficou só na força da imaginação, porque ela continuou exaltando-o.
“O tempo, tão cruel quanto é, tem o poder de curar e destruir. Ele cura as feridas profundas, mas também nos rouba a juventude, os momentos que não vivemos e os abraços que nunca demos. E, no fim, percebemos que o que nos define não são os anos, mas o que fizemos com eles.” Gabriel García Márquez, Cem Anos de Solidão (1967)
Pensando bem, somos aquilo que ninguém vê, uma coleção de histórias, memórias, dores, tragédias, felicidades, maldades, sucessos, sentimentos, delícias, pensamentos, pecados. Se definir é se limitar, somos um eterno parênteses em aberto…
Por não se verem tanto tempo, ela fez um recorte dele, pensando que ainda o conhecia. Ele, assim como todos nós, não se incólume aos caminhos da vida, teve de lidar com suas epifanias e idiossincrasias. Só que ela não deixou de explicar, apresente sua nova versão.
O tempo não espera por nós. Ele segue seu caminho, independente de nossas vontades, dúvidas e lamentações. Enquanto pensava em agir, ele já passou. Enquanto hesitamos, ele nos deixa para trás.
Não há como pedir mais um instante, refazer uma escolha ou segurar um momento para sempre. O que temos é o agora, esse breve sopro entre o que já foi e o que ainda virá.
Se o tempo não espera por nós, que não esperamos por ele. Que fazemos cada segundo valer a pena, antes que ele se torne apenas lembrança.
O tempo não espera por nós. Ele segue seu caminho, independente de nossas vontades, dúvidas e lamentações. Enquanto pensava em agir, ele já passou. Enquanto hesitamos, ele nos deixa para trás.
Não há como pedir mais um instante, refazer uma escolha ou segurar um momento para sempre. O que temos é o agora, esse breve sopro entre o que já foi e o que ainda virá.
Se o tempo não espera por nós, que não esperamos por ele. Que fazemos cada segundo valer a pena, antes que ele se torne apenas lembrança.
A chuva aumentou. Ele a viu partir, sumir no horizonte, se refizendo das palavras elogiosas, mas nem tão verdadeiras. Ciente de suas imperfeições, suas limitações, ficou a ruminar seus pensamentos. “Engraçado como as pessoas só veem o que querem. Olham tão somente a aguardente que tomei, não sabem os tombos que já levei”.
Luiz Thadeu Nunes e Silva – Engenheiro Agrônomo, escritor e globetrotter. Autor do livro “Das muletas fiz asas”. Instagram: @Luiz.Thadeu – Facebook: Luiz Thadeu Silva – E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br.