Começou um dia uma aventura…
Paula Ângela Maria Frassinetti nasceu na conturbada Gênova em 1809. Esse período marca a intervenção de Napoleão Bonaparte na Guerra da Segunda Coligação. Havia uma grande disputa entre França e Áustria pelo território da Itália. Gênova perdeu sua independência em 1797 com a chegada de Napoleão, que a integrou à República da Ligúria, província absorvida pelo Império Francês em 1805. Em 1815, Gênova foi integrada ao Reino da Sardenha. Essa situação de guerras e conflitos trouxe graves consequências para a “moral e os bons costumes” da época. Os valores familiares e religiosos perderam sua força e seu significado, por essa razão o pai de Paula, Sr. João Batista Frassinetti, não permitiu que Paula fosse à escola. Aprendeu a ler e escrever a partir dos livros de teologia dos seus irmãos que se preparavam para o sacerdócio.
Quando jovem, por motivo de saúde, Paula vai morar em Quinto Al Mare, bairro de Gênova que se situa diretamente sobre o Mar Lígure, aos pés do belo Monte Moro. Preocupada com a injustiça social que levava ao abandono de crianças e jovens, inicia ali uma pequena escola onde as ensinava a ler, escrever e, principalmente o catecismo, procurando incutir nos pequenos o amor a Deus e, consequentemente aos irmãos e irmãs. No seu coração ardia o desejo de consagrar sua vida inteiramente a Deus, mas não via nos mosteiros de sua época, o lugar onde viver sua consagração dedicada à oração, mas também o serviço ao próximo. Aos domingos, Paula passeava com suas amigas no Monte Moro e ali conversavam sobre as maravilhas de Deus e também o que poderiam fazer para agir significativamente em favor das crianças e jovens, e estes, consequentemente, fariam o mesmo em suas famílias. Dela é a frase e a ação: “E, já que os maus tanto se esforçam para corromper a juventude, procuremos nós, salvá-la a todo custo”.
Dessas santas conversas nasceu o desejo de iniciar uma Congregação de vida apostólica, o que era raro na vida religiosa consagrada da época. Com a ajuda do Pe. José Frassinetti iniciaram um processo de discernimento. Conscientes de que esta era a vontade de Deus, no dia 12 de agosto de 1834, Paula e seis companheiras fundam a Congregação, inicialmente chamada Filhas da Santa Fé, e, alguns anos depois, Irmãs de Santa Doroteia (da Frassinetti).
Fortes e seguros são o alicerce dessa Congregação: espiritualidade inaciana, busca e realização da Vontade de Deus no cotidiano, pobreza e simplicidade, intuição pedagógica fundamentada no educar pela via do coração e do amor, dar vida até o fim a serviço do Reino de Deus.
Hoje a Congregação da Irmãs de Santa Dorotéia da Frassinetti está presente em quatro continentes, atuando em diversas frentes de missão: escolas, universidades, paróquias, centros de formação, comunidades de inserção nas periferias, junto aos ribeirinhos. Na missão busca discernir a ação de Deus na história e colaborar com ela promovendo a justiça e a fraternidade.
Hoje, a aventura iniciada em 1834 completa 186 anos de história. Rogamos a Deus para que continue fiel a serviço do Deus da justiça e da fraternidade buscando para todo ser humano a dignidade de filho e filha de Deus e respeito, cuidado e preservação com toda a Criação. Que sejamos, Irmãs e Leigas(os), de fato, Dom de Deus para o mundo!
O Art. 1 das Constituições das Irmãs de Santa Doroteia da Frassinetti exprime fielmente a sua natureza: “Deus, presente e ativo na vida dos homens, escolheu Paula Frassinetti para dar origem, na sua Igreja, à Congregação da Irmãs de Santa Doroteia, totalmente dedicada a continuar a missão de Jesus Cristo no mundo. A resposta de Paula concretizou-se em Quinto, Gênova, Itália, a 12 de agosto de 1834, e permanece viva na Congregação pelo espírito mais fundo que a anima: procurar sempre e em tudo a maior glória de Deus pelo maior serviço aos homens”.
Ir. Ildes Maria Lobo Mendes – Irmã de Santa Doroteia. Pedagoga, Psicopedagoga, Membro do Governo Provincial (Província Brasileira).