“Que a trova nos receba de braços abertos e que saibamos cuidar dela como ela bem o merece”, afirmou a jornalista e escritora Wanda Cunha, em seu discurso de posse na Academia Maranhão de Trovas (AMT).


No dia em que comemorou 53 anos de fundação, a AMT empossou 40 novos membros efetivos, incluindo a sua diretoria. A cerimônia de posse coletiva ocorreu no auditório Felis da 14ª Feira do Livro de São Luís, na Praça Maria Aragão.
O evento marca o resgate do trovadorismo no Maranhão com o renascimento da AMT, que ficou inativa por três décadas, após a morte do seu fundador, o educador, jornalista, poeta e escritor maranhense, Carlos Cunha.
“Esta posse coletiva é um momento histórico e é apenas o início de uma grande jornada da Academia Maranhense de Trovas. Virão outras atividades que servirão de semente para que a trova floresça no Maranhão de forma abundante e permanente”, disse Wanda Cunha.
A nova diretoria da AMT é composta por Wanda Cunha (presidente), Dilercy Adler (vice-presidente), José Antônio Ferreira da Silva (1º secretário), Paulo Francisco Carvalho Bertholdo – Paulinho Dimaré (2º secretário), Marcia Regina dos Reis Luz (1ª tesoureira) e Jozy Sanches (2ª tesoureira).
A nova academia, revitalizada formalmente, em 28 de agosto deste ano, tem como patrono, Carlos Cunha, o precursor da trova no estado, juntamente com trovadores da época. Nomes como Lourenço Porciúncula de Moraes, Carlos Cardoso, Nicanor Azevedo, Antônio Alves Monteiro, Virgílio Domingues da Silva, Sá Vale Filho, Juvenal Nascimento Araújo, Conceição de Maria Gomes de Oliveira, Olímpio Cruz, Florise Pérola de Castro Vasconcelos, Emílio Azevedo, Vicente Maya, JR de Jesus e Fernando Viana estiveram ao lado de Carlos Cunha.
O movimento de resgate do trovadorismo no Maranhão na atualidade tem à frente, a jornalista e escritora, Wanda Cunha, filha de Carlos Cunha. Assim como seu pai fez no passado, a trovadora reúne na atualidade aqueles que nutrem pela trova a mesma paixão. Tem ainda o apoio da Academia Luminense de Letras, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, além das jornalistas Franci Monteles e Yndara Vasques, da Inspirar Inovação e Comunicação.
A academia revitalizada deste século XXI, tem na composição de seus membros experiência e juventude, seguindo a filosofia de seu patrono que sempre incentivou e divulgou novos talentos. Cabe aos novos integrantes, a partir de então, a responsabilidade de escrever a nova história da trova no Maranhão e fazer o resgate da memória de seus precursores.
A AMT homenageia também outros nomes da literatura maranhense escolhidos como patronos das cadeiras ocupadas por seus novos integrantes, entre os quais: Dagmar Desterro e Silva, Maria Firmina dos Reis, Laura Rosa, Lucy Teixeira, Nauro Machado, Paulo Nascimento de Moraes e Nascimento de Moraes Filho, João Lisboa, João Mohana e outros.
A Trova – A trova é um gênero poético da idade medieval. Ganhou nova roupagem na Europa, no Sul da França e em Portugal, onde desenvolveu-se como um movimento poético denominado Trovadorismo.
O Brasil herdou a trova de Portugal, gênero poético de forma fixa composto por quatro versos, cada um com sete sílabas poéticas, em que o primeiro, rima com o terceiro e o segundo, com o quarto. Diferencia-se da quadra pela completude de deleitar corações, com suas abordagens lírica, filosófica, humorística, satírica e descritiva.
Em 1967, Luiz Otávio, considerado príncipe dos trovadores, criou a União Brasileira de Trovadores (UBT), implantou seções e delegacias em quase todos os estados do país. Carlos Cunha foi eleito o primeiro delegado da UBT do Maranhão, em 1970.
Carlos Cunha, patrono da nova AMT, atuou de forma direta na cultura do Maranhão e coexistiu como se fosse muitos. Poeta romântico, simbolista e moderno; jornalista independente; professor autêntico; historiador aguçado; trovador revolucionário e exímio declamador; crítico literário e um estudioso que transpôs as fronteiras acadêmicas comportadas. Pertenceu a várias entidades culturais, entre as quais, a Academia Maranhense de Letras; o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; a União Brasileira de Trovas (UBT), sendo o primeiro delegado no estado e teve assento em outras entidades de respaldo no Brasil. Fundou escola e jornais e publicou mais de 35 livros.