A localização da Ilha do Marajó é uma raridade da natureza. Partimos de Belém, no Pará, pelo porto da Vila de Icoaraci, de carro em uma balsa que faz a travessia pela Baía do Marajó, que se conecta ao rio Tocantins. Fomos em busca do lugar onde o rio Amazonas encontra o Oceano Atlântico.


O Marajó de todas águas é um destino singular e fascinante. Um lugar único no planeta, não apenas por ser a maior ilha fluviomarítima do mundo, mas também pela riqueza da biodiversidade e da cultura.
Com 16 municípios, em área de aproximada 40.100 km², a ilha é maior do que países como Suíça e Holanda, e abriga uma grande diversidade de ecossistemas, incluindo florestas, manguezais, campos alagados e praias.
Chegamos no Porto de Camará, no município de Salvaterra e seguimos de carro para mostrar um pouco do que o Marajó tem. A dificuldade de acesso à Internet dá uma certa aflição no início, mas, logo a gente percebe que ali é um lugar para se perder no tempo e no espaço.
O Marajó é um oásis de tranquilidade. A ilha é uma viagem entre praias selvagens, fauna diversificada, incluindo os famosos búfalos e inúmeras espécies de aves.
Passeio entre as raízes gigantes do mangue marajoara


O passeio de canoa pelos manguezais com raízes gigantes na Fazenda São Jerônimo é uma imersão na Amazônia. Os manguezais de Marajó são parte integrante do ecossistema amazônico e estão adaptados às condições únicas da região, como a combinação de águas salobras e doces.
Os manguezais funcionam como berçários para peixes, crustáceos e aves, e são essenciais para as comunidades locais que dependem desses recursos. Além disso, desempenham um papel crucial na captura de carbono, ajudando a combater as mudanças climáticas ao armazenar grandes quantidades de CO2.


Em Salvaterra passamos pela praia de Joanes, uma das mais procuradas pelos turistas que buscam tranquilidade e beleza natural. A água é morna e levemente salgada por conta do encontro da água doce do rio Pará, que se conecta ao Oceano Atlântico. A praia tem vários bares e restaurantes rústicos, onde encontramos a caldeirada de filhote frito no tucupi, com jambu e camarão, na peixaria do jacaré.
A ilha também preserva tradições culturais autênticas, como a cerâmica marajoara, herança das civilizações indígenas que ali viveram. Essa combinação de belezas naturais, história e cultura faz de Marajó um destino singular e fascinante.
Hotel Fazenda na cidade de Soure tem lago natural e beira de rio


O hotel fazenda (@pousadamarajoarahotelfazenda), fundado em 1968, com área de 18.000m2 é um achado para quem procura ecoturismo ou turismo de experiência. Chalés em formato de oca indígena, culinária regional e um ambiente que lembra as antigas fazendas do Marajó com requinte no café da manhã. A pousada está sendo descoberta pelos turistas estrangeiros que procuram o Marajó por conta da hospedagem privilegiada.
O turista português, Miguel Oliveira, ficou encantado ao ver a natureza preservada e conviver com animais que só tinha visto em zoológicos, como o bufálo e o jacaré-açu. “Aqui a gente vê a Amazônia nativa, praias lindas e tranquilidade. Fiquei encantado com a culinária e a hospitalidade do povo do Marajó”, contou Miguel.
Um jacaré-açu conquista corações e vira atração no hotel fazenda do Marajó.


Chegamos na Pousada Marajoara, Hotel Fazenda, em Soure, e uma cena chamou a atenção. Várias hóspees olhavam para o lago natural do hotel e esperavam avistar algo. Os proprietários do lugar, o casal Artur e Cleidiane Pamplona, nos contaram a história do jacaré que mora no lago e que virou atração na pousada.
Ele tem nome e sobrenome. Carlos Alberto, um jacaré-açu que vive em harmonia com os demais animais do hotel. Ele apareceu no lago ainda filhote. Cresceu e se tornou a atração para adultos e crianças. Porém, o animal ainda é jovem, ele pode chegar a mais de 5 metros de comprimento.
O Carlos Alberto passa a parte da manhã debaixo d’água por conta do calor. Mas, a tarde ele surge e se exibe para quem quiser ver. O jacaré é um animal com fama de feroz e perigoso. Não é caso do Carlos Alberto, que parece perceber a presença dos turistas e fica quieto na beira do lago se exibindo.
Ao invés de morder, o jacaré do Marajó conquista corações. Porém João Alberto tem um segredo. Um veterinário examinou o animal e constatou que se trata de uma fêmea. Mesmo com a descoberta, o nome Carlos Alberto, já conhecido dos hóspedes, continuou.
Serviço:
Instagram: (@pousadamarajoarahotelfazenda
Telefone: 91 981557225. E-mail: arturpamplonap@gmail.com
Chefs da gastronomia nativa do Marajó encantam os amantes da gastronomia


Chegamos em Cachoeira do Arari, onde está localizado o Museu do Marajó. O nosso objetivo era explorar o Quintal da Zezé, da Chef de Cozinha Marajoara formada na tradição e nos costumes locais. Fomos recebidos pela própria Zezé que recebe e conversa com cada um dos turistas.
O restaurante é um quintal nos fundos da casa da Chef (@zezedomarajo), em frente ao Museu do Marajó. Os pratos são preparados com produtos locais produzidos pela própria comunidade. A Chef Zezé tem várias especializadas, mas, um dos pratos mais procurados é o Frito do Vaqueiro, preparado à base de carne de búfalo frita na própria gordura do animal.
O restaurante também oferece o menu degustação com várias delícias marajoaras. “Aqui a gente usa os produtos e o tempero que a natureza nos oferece. Nossos conhecimentos foram aprendidos na vivência e na tradição dos nossos ancestrais”, conta a chef.
A Chef Zezé lidera a cozinha que é formada por mulheres. Ela é considerada uma das mulheres fortes do Marajó a comanda a família e outras mulheres que passaram a trabalhar no restaurante.
O turista de Florianópolis foi conhecer o quintal da Zezé e o outros lugares do Marajó. Ele saiu encantado com a culinária nativa, o passeio de búfalo e a grandiosidade da ilha. “Tinha ideia que era um lugar sem infraestrutura e me surpreendi. Aqui temos cidades com hotéis interessantes para o ecoturismo e o turismo de aventura”, conta o aposentado Moisés Silva.
Outra especialista da gastronomia nativa que está conquistando os amantes do turismo gastronômico é o Chef Bola (@solardobola). Ele tem o restaurante na cidade de Soure, que é visitado por artistas nacionais e internacionais. Entre as suas especialidades está o filé de búfalo e a sopa de turu, que é pura proteína, afrodisíaca e deliciosa. O turu é um molusco de água doce apreciado na culinária amazônica.
Texto: Mariluz Coelho, especial para o JP Turismo