Não faz muito tempo que, na proximidade do Aniversário de São Luís, lê-se contestações de que os fundadores não foram os franceses, cabendo a primazia histórica aos portugueses após a expulsão daqueles pelas forças de Jerônimo de Albuquerque.
Agora, em reação ao mito português, muitos artigos rebatem com veemência esta suposição sem muita fundamentação científica para ir muito longe.
Começa que acendendo fósforos no preto no branco do primórdio ludovicense, Mário Meirelles, em História do Maranhão, realçou a organização da expedição francesa, para oferecer ao fato os requisitos primaciais de uma cidade, como, em 1.º.11.1612, normas, à guisa de constituição, as primeiras nas Américas, e redigidas em São Luís, nas quais, definiu os seus deveres em face dos direitos dos indígenas, e vice-versa, isto é, As Leis Fundamentais do Maranhão. Ficou na cara que mercenários pernambucanos, como Jerônimo de Albuquerque, assimilaram bem a ferocidade dos portugueses em relação aos naturais que eram um estorvo para as suas pretensões colonizadoras.
Há pouco, a historiadora maranhense Ana Luíza Almeida Ferro avisa aos navegantes que São Luís, “segundo evidenciam plenamente as fontes históricas, foi fundada pelos franceses Daniel de La Touche, idealizador da França Equinocial, e François de Razilly, autêntico “senhor da colônia”. Assim, a concepção de que os lusitanos, especificamente por meio de Jerônimo de Albuquerque, foram os fundadores da cidade de São Luís, reflete um mito de origem, construído por uma historiografia, alimentada por relatórios, cartas e outros documentos da época colonial, repercutindo, após a expulsão dos gauleses, as posições, interesses e preocupações das elites políticas ibéricas (da metrópole) e dos segmentos sociais que as representavam ou as apoiavam no Maranhão, para os quais era necessário eliminar os traços da ocupação francesa.
O tiro de espingarda (ainda com pólvora socada), de que os portugueses seriam os fundadores de São Luís, está saindo pela culatra!