Quanto vale um voto? Um par de chinelos, uma camisa ordinária, uma cédula sem face; em muitos casos, umas simples promessas vazias, que culminam com quatro anos de engodo e prevaricação pública, sem um retorno benéfico ao cidadão, eterno refém de classes políticas aproveitadoras e do analfabetismo político que impera na sociedade.
Em anos eleitoreiros, a história se repete e o voto se torna moeda de troca, sem direito a restituição.
O analfabetismo político reprime o debate, constrange a capacidade intelectual do indivíduo e precipita a efetiva democratização dos estados, tendo como conseqüência os maus políticos e os votos perdidos. No entanto, não é necessário ser esclarecido, ser analfabeto político ou funcional, para medir o grau de confiabilidade de uma promessa política. Os atos subseqüentes falam por si, e as bonanças dos cargos públicos não são divididas, apenas centralizadas.
Erros e acertos, polêmicas e controvérsias que regem o cotidiano do estado democrático de direito. Mas é preciso – quase uma exigência – que se priorize as políticas pautadas às condições de escrita e leitura, para um cidadão mais integrado com os problemas de sua sociedade e do seu meio político. Este trabalho, no entanto, não se resume a uma simples alfabetização de entendimentos básicos de somas, decifração de frases ou percepção de números, é necessário que essas habilidades se tornem racionais, para um melhor discernimento das situações e ter a capacidade de se organizar, planejar, avaliar e, também, votar com consciência.
Em um dos seus textos, o marxista alemão Bertolt Brecht sintetiza o analfabeto político como um dependente de decisões; ou seja, incapaz de participar das priorizações políticas do estado e debater de forma crítica e racional os rumos políticos da nação. Bertolt ainda recita uma das peculiaridades do senso comum em sua precária relação com a política, quando diz que o analfabeto político é tão burro que se orgulha da sua posição de indiferença: “Estufa o peito e diz que odeia política”. O resultado de tudo isso está nos próprios versos de Bertolt Brecht: a prostituta, o bandido e o menor abandonado, além dos políticos vigaristas.
O investimento em alfabetização funcional é imprescindível, mas o cuidado com a habilitação do analfabeto político é maior ainda; por um voto consciente, para o pleno exercício da cidadania e contra o impedimento da estagnação da democracia.
Quanto formadores de opinião pública, ou caixa de ressonância dos anseios mais caros dos conterrâneos maranhenses, esperamos, sinceramente, que o eleitorado, em sua boa maioria, acerte o alvo com vontade, escolhendo os candidatos que vão mesmo trabalhar, diuturnamente, para o bem-estar coletivo.
O brasileiro precisa ir às urnas de forma diferente nestas eleições. Não precisamos ser o mais renomado historiador e cientista político, para chegarmos à avaliação de que o Brasil, vivendo sua pior crise, não terá ainda como mudar, para melhor. Ficou claro que esta situação é o resultado de muitos anos de descaso da classe política, principalmente, em que estar no poder, ou gravitando em torno dele.

