Mesmo com a bagunça dos carros de som no bairro mais carnavalesco da cidade, constatamos uma coisa, o espírito de folia não deixa o ludovicence fraquejar.
Pode-se dizer que não foi tudo lindo e maravilhoso, mas pelo menos a vontade de brincar estava explicita na alma dos amantes da folia. Era o que todos os foliões esperavam no primeiro dia de folia no Bairro da Madre Deus, muitos blocos na rua para uma população que queria brincar, se divertir, como todo ano faz, após a noite de Réveillon.
Depois de uma noite belíssima, nos hotéis, clubes e associações que festejaram com todas as pompas a chegada de 2020, o novo ano, foi a vez dos ludovicences darem o seu grito de carnaval, fazendo chegar num clima que antecede os períodos de momo, o pré-carnaval da Ilha.


Não deu outra, dia ensolarado, meio nublado e gente chegando de todas as artérias da Grande São Luís. Bares animados, população ocupando os redutos da boêmia madre divina para, na tarde/noite, extravasar em pura alegria e satisfação toda energia guardada após um ano de espera para mais um carnaval, aquela que é a maior festa popular do planeta.
E o que todos queriam ver estava lá, blocos tradicionais e blocos alternativos arrastando multidões e o melhor de tudo, o semblante de alegria e harmonia explícito no rosto da população, mesmo com os desocupados querendo infligir as leis.
Assim que tem que ser, é cativar os turistas que nos visitam para as festas de fim de ano, com aquilo que de melhor temos a cultura popular. As festas populares e esse grito de carnaval que fazem parte do Réveillon maranhense, pois a noite de mudança de ano para os maranhenses é o sinal de que no dia primeiro de janeiro em São Luís já tem carnaval.
Que todos os anos a mesma história seja repetida para que São Luís possa ganhar mais adeptos que buscam diversão e uma pitada de folia nas primeiras horas de um novo ano.
As brincadeiras vestiram suas fantasias e percorreram com muita alegria e irreverência as ruas do bairro da Madre Deus, a Máquina de Descascar Alho, que se concentrou no Morro do Querosene, arrastou centenas de pessoas cantando sambas-enredos que marcaram épocas e que até hoje fazem sucesso quando cantados.
Uma festa popular no dia primeiro do ano, que passo a passo ganha mais foliões e que atrai mais turistas para a capital, e São Luís só tem a ganhar com a montagem cada vez mais cedo das estruturas para o carnaval de rua. Que os investimentos na prata de casa sejam maiores, para que todos os anos o comprometimento das manifestações populares em São Luís faça parte cada vez mais do roteiro de quem busca uma cultura diferenciada de todas as capitais da federação, com diferenciais privilegiados de se fazer carnaval e personagens que montam uma identidade carnavalesca local impar.
Obs: Que os poderes públicos busquem fazerem juntos a sua parte, para que o verdadeiro sentido da folia na capital ganhe as ruas, e não perca espaço para culturas importadas de outras praças, como muitos que ai estão querem. E uma coisa é certa, quando se quer, se faz. O importante é não se omitir. Que os gestores dos órgãos públicos assumam de fato as responsabilidades por tudo que está acontecendo com a cultura carnavalesca local, pois pelo que parece lavaram as mãos, em detrimento de um carnaval que foge a realidade da diversidade cultural existente em terras maranhenses.
Texto: Gutemberg Bogéa