Incongruência Administrativa
Permitam-me realizar algumas considerações de atitudes do governo estadual referente à liberação para funcionamento dos bares e restaurantes, em plena efervescência daquele período que costumeiramente conhecemos como o auge dos festejos juninos, na nossa querida cidade de São Luís e regiões adjacentes.
Confesso que fiquei assustado com esse anúncio, pois na medida em que várias atividades estão sendo liberadas para voltar a funcionar em nossa região, o nosso povo está voltando ao convívio social sem medir eventuais consequências relacionadas à contaminação provocada pelo fantasma conhecido como coronavírus, agente do mal que chegou e provocou uma tremenda revolução planetária, difundindo uma doença ainda não controlada pelo homem e que foi classificada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como Pandemia, causando milhares de mortes de pessoas até então saudáveis e muito atuantes no nosso meio social.
Só para relembrar Pandemia é a propagação global de uma nova doença. Uma pandemia de gripe ocorre quando um novo vírus da gripe surge e se espalha pelo mundo, onde a maior parte da população não adquire imunidade a ele. Normalmente, os vírus que causaram pandemias no passado vieram de vírus influenza que infectam animais.
De certa forma, a gripe pandêmica parece uma gripe sazonal, mas em outros casos pode ser muito diferente. Por exemplo, ambos podem afetar todas as faixas etárias e, na maioria dos casos, causar uma condição que desaparece espontaneamente e é seguida por uma recuperação completa sem tratamento. No entanto, a mortalidade sazonal relacionada à gripe geralmente afeta os idosos, enquanto outros casos graves atingem pessoas com várias doenças e distúrbios subjacentes.
Desse modo a Pandemia causada pelo coronavírus pegou o mundo de maneira inesperada e numa velocidade surpreendente afetou toda forma de relacionamento em todos os campos de atuação dos povos: assim, os cidadãos tiveram que ficar confinados em suas casas; as diversas cadeias produtivas dessas cidades foram suspensas; as cidades ficaram isoladas e os meios de transportes ficaram restritos a pequenos espaços geográficos funcionando apenas aquilo que era considerado essencial para manter a sobrevivência dos povos; entre tantas outras ações ligadas à sociabilidade, incluindo nesse escopo as manifestações culturais e de entretenimento dos diversos núcleos e extratos sociais do planeta.
O povo viveu um período jamais pensado para a época contemporânea, pois os efeitos dessa Pandemia foram piores que as duas grandes guerras mundiais ocorridas no século XX, matando milhares de pessoas e semeando a devastação da normalidade existencial das pessoas. Pois bem, a partir do final do mês de maio, o governo do Maranhão, que a meu ver vinha adotando uma postura muito correta e coerente com essa ameaça mortal provocada pelo vírus começa a liberar algumas atividades do relacionamento produtivo das diversas cadeias existente no escopo social, pois as restrições estavam entrando no quarto mês de limitações e a população também apresentava sinais de sufocação, querendo a moderação das medidas restritivas.
Até entendo essa postura, entretanto, os números dos casos no Estado do Maranhão ainda estão em uma linha ascendente, incluindo aí o aumento dos indicadores de óbitos. O sistema hospitalar também ainda registram níveis preocupantes, mas na média, dizem os dados oficiais, que, está havendo uma tendência a declínio. Mas, com a liberação de parte do comércio local, o que verificamos? A população saiu descontroladamente para as ruas e segundo percebemos, o risco de contaminação deve ser alastrado nos próximos dias, aumentando o sofrimento de centenas ou milhares de pessoas. Espero que esse meu olhar catastrófico não se confirme.
Verifica-se que a população não colabora de maneira positiva e voluntária para atender as recomendações e as solicitações das autoridades, no sentido de saírem de suas casas somente em caso de extrema necessidade. Muitos saem só para “bater pernas”, como se fala normalmente nos meios comunitários, especialmente naquelas regiões mais pobres e carentes da cidade. Sem dúvida, o perigo da contaminação será alastrado – isso será uma questão de tempo.
Agora com a liberação dos bares e restaurantes em pleno dia de São Pedro (29, junho) e véspera de São Marçal (30, junho), datas que fecham com chave de ouro o ciclo das festividades juninas, sem dúvida, haverá uma ação que conhecemos como “liberou geral” e às atitudes do povo podem naturalmente serem enlouquecidas com devoção as festas que a população principalmente de São Luís tem aos festejos, lotando bares e festejando essas duas datas desse período ritualístico que requer o ato de festejar. “Deus, meu Deus” vai ser um “Deus nos acuda” e as consequências virão, infelizmente, em forma de dor e sofrimento. Acredito que a melhor medida tomada pelo Governador Flávio Dino seria a de adiar essa liberação para o dia 1 de julho ou até uma semana após para evitar também que a população não busque nesse primeiro momento aproveitar até o Lava-boi de São José de Ribamar para reverenciar os mesmos no ritual que acontece naquela cidade, após o período festivo, pois assim, penso eu, talvez a sede de comemorar do nosso povo fosse menos maléfica. Pense nisso. Continuamos atravessando o período da pandemia Covid 19.
Euclides Moreira Neto – Professor Mestre em Comunicação Social e Investigador Cultural.