O agronegócio é o setor da economia brasileira com maior potencial de geração de créditos de carbono íntegros. Pode participar de forma decisiva do impulsionamento das soluções de crescimento baseadas na redução e na compensação de emissões, já que é uma das poucas cadeias produtivas que consegue, pela natureza de sua atividade, sequestrar carbono da atmosfera.
De acordo com um estudo da consultoria McKinsey, o agro nacional já é líder em práticas sustentáveis, na comparação com produtores de outros países. E tem potencial para emitir créditos para compensação de até 160 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano.
“O mercado de carbono representa uma excelente oportunidade para o produtor rural. Ele já gera crédito quando adere ao Código Florestal e a uma agricultura de baixa emissão de carbono. O setor já é eficiente e precisa estar neste mercado para que essas tecnologias sejam promovidas, tecnicamente incentivadas e financeiramente apoiadas”, avalia Nelson Ananias, coordenador de sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“Queremos que o produtor seja beneficiado pelas atividades que ele já pratica, de forma que ele receba, na forma de créditos de carbono, um reconhecimento por seu trabalho em prol da sustentabilidade”, reforça.
Para Daniel Vargas, coordenador executivo do Observatório de Bioeconomia do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro), o agro pode, e deve, liderar as oportunidades abertas pela regulamentação deste setor.
Mas é positivo que ele não tenha sido obrigado a aderir ao mercado de carbono, na versão do Projeto de Lei substituto 412/2022, que passou pelo Comitê de Meio Ambiente do Senado e agora tramita, em regime de urgência, na Câmara dos Deputados. O texto previa, inicialmente, que o agronegócio fosse obrigado a aderir ao mercado regulado, mas esta determinação acabou por ser retirada.
Edição: Gutemberg Bogéa