Há 55 anos Pernambuco criou, mantém e consolida, a cada apresentação, o espetáculo mais eloquente ligado à fé, um evento que se repete há mais de meio século, chamando a atenção do Brasil, quiçá do mundo, para o pequeno município de Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano, no que hoje é considerada a maior apresentação teatral a céu aberto do mundo, sempre se renovando de forma criativa, alimentando e reforçando a resiliência através da fé dos que consideram o mais importante exemplo de demonstração de sacrifício, sofrimento e altruísmo ao longo dos séculos.
Essa foi a fonte de inspiração do jornalista e diretor teatral, Plínio Pacheco, gaúcho de nascimento, que se apaixonou pela terra dos altos coqueiros, transformando o distrito de Fazenda Nova, durante a Semana Santa, em Nova Jerusalém, projetando Pernambuco como vitrine religiosa e transformando o sonho em realidade, descrita por ele: “Encontrei meu mano sertanejo num pedaço da Judéia encravado no semi-árido agreste de Pernambuco “ Trecho do discurso proferido por Plínio Pacheco em 1973, em agradecimento ao título de Cidadão Pernambucano.
Entretanto, a grandiosidade e importância do espetáculo da Paixão de Cristo, transcende os limites geográficos, atraindo público de todas as regiões, como também dos demais vizinhos, tornando o evento um marco no calendário de eventos religiosos, além de grande contribuição na economia local e dos municípios vizinhos, considerando a distância a ser percorrida até o local do espetáculo, quando as muitas caravanas, além de veículos particulares fazem diversas paradas, a partir de Gravatá, até Caruaru, locais em que os turistas pararam para refeições e compra de lembrancinhas, do artesanato ao cordel, passando pela culinária regional; ou seja: todos ganham, com esse evento que gera renda e inclusão social.
A chegada à Fazenda Nova é o momento de contemplação do sonho idealizado por Plínio Pacheco, que recebe os turistas com uma infinidade de barracas que movimentam o comércio local com todos os tipos de serviços para que todos possam tomar fôlego, preparando-se para o grande e inesquecível momento.
A entrada em Nova Jerusalém é uma viagem no tempo, arquitetura e figurino dos colaboradores remetem ao Império Romano, como se o século presente já não existisse. Tudo transpira religiosidade e fé. O espetáculo fica aquém de qualquer conjunto de palavras que formem as frases justas que possam traduzir com justiça a experiência sensorial de estar lá e vivenciar a grande encenação da Paixão. No início a encenação foi conduzida pelo saudoso, José Pimentel e hoje é estrelado pelos atores mais conhecidos do grande público.
Outra característica importante é o aproveitamento de moradores locais que atuam como figurantes no majestoso e imperdível cenário. O Sonho de Plínio Pacheco se completa com a Pousada da Paixão, réplica das hospedarias da época, mobiliada com utensílios e tendo as roupas de época á disposição, itens que transportam o hóspede para o cenário de Pilatos.
Mais que um espetáculo, a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém é uma oportunidade de assistir um grandioso espetáculo que provoca a reflexão sobre a essência humana, generosidade, empatia e vontade de contribuir para um mundo melhor, mais justo e e com menos desigualdades. É um presente que Plínio Pacheco deixa para a humanidade. E nos últimos 25 anos no comando de Robinson Pacheco, presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova que vem mantendo o alto nível do espetáculo, atraindo sempre milhares de turistas do Brasil e do mundo para o maior espetáculo religioso do planeta.
Luiz Felipe Moura – Presidente da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo – ABRAJET/PE.
Cessão de espaço do JP Turismo

