Planejar uma viagem requer muitos elementos: escolher o lugar a ser visitado, comprar as passagens, separar o que vai levar na mala; quais roupas, de acordo com a temperatura do lugar escolhido. Somente mala de mão ou mala despachada? Escolher o hotel, hostel ou casa de amigos e/ou parentes. Enfim, muitas decisões que antecedem cruzar a soleira da casa e cair no mundo.
Conheço pessoas que passam dias planejando uma viagem, outras que estão sempre prontas para viajar daqui a uma hora. É o meu caso. Como tenho o espírito aventureiro, se tiver viagem para fazer, estou pronto. Mais do que é uma amiga estradeira, com a mala sempre pronta, seja para qualquer lugar do planeta terra.
Já viajei tanto, e por tantos lugares, que se tiver tempo, basta um estalar de dedos que estou no balcão de check in do aeroporto, pronto para ir para a sala de embarque, subir em uma aeronave, apertar o cinto e descer do outro lado do mundo.
Acho que a maioria que viaja, quando chega ao check in da companhia aérea, ao despachar a bagagem, talvez, sua preocupação é que a mala chegue, de preferência intacta.
Já tive malas extraviadas em diferentes lugares, em todos os continentes. Tive a sorte de toda a vez que a mala se perdeu, me devolveram intacta. Nunca tiraram ou colocaram coisas em minha bagagem.
Não foi o que aconteceu com duas moças, que embarcaram no aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, com destino final o aeroporto Rhein-Main Flughanfen, Frankfurt, Alemanha, e escala no aeroporto André Franco Montoro, Guarulhos, SP.
No dia 04 de março, Jeanne Paolini e Kátyna Baía tiveram as etiquetas das bagagens trocadas por malas com drogas, sendo detidas quando desembarcaram em território alemão.
Todo o imbróglio começou na escala que fizeram em Guarulhos. Lá, tiveram as etiquetas trocadas por funcionários terceirizados da companhia aérea. Colocaram as etiquetas das malas com 40 kg de cocaína nas malas de Jeanne e Kátyma, que são casadas e amam viajar.
Abordadas ao desembarcarem no aeroporto pela polícia alemã, foram informadas da prisão sem saberem o que ocorria, visto que falavam apenas inglês, além do português como língua nativa. Iniciava ali uma agonia que perdurou por 34 dias.
Iniciava-se um inferno; as brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paollin foram alvo de negociações entre o Itamaraty, responsável pelas relações exteriores do Brasil, e o governo alemão, que irredutivelmente apontava ambas como detentoras das malas.
Por aqui, começaram as investigações para provar suas inocências. Como não tinham histórico criminal e trabalhavam regularmente como personal trainer e médica veterinária, a Polícia Federal iniciou uma investigação paralela para entender o que levou ao crime. O que chamou atenção das autoridades brasileiras não partiu do aeroporto goiano, mas sim, da escala paulista; câmeras de segurança registraram dois funcionários, trocando as etiquetas das bagagem. As brasileiras Jeanne Paollini e Kátyna Baía estavam presas na Alemanha de sde o dia 5 de março. De acordo com Chayane Kuss de Souza, advogada de defesa das brasileiras, elas foram inocentadas e não precisa esperar nenhum trâmite processual.
Após amargarem dias terríveis em cárceres do presídio JVA II, em celas separadas,
provaram suas inocências, sendo soltas na semana passada. Já voaram para o Brasil e estão em casa, em Goiânia.
Como amam viajar, já planejam viagem para dezembro. Agora, somente, com mala de mão.
Luiz Thadeu Nunes e Silva – Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante. Autor do livro “Das muletas fiz asas”, o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes