Começamos o ano de 2021 com as esperanças afloradas de que novos rumos vão nos iluminar nos próximos quatro anos. Assim esperamos que a gestão do Prefeito Eduardo Braide nos proporcione práticas iluministas, inovadoras, revigoradoras e compartilhadas de maneira abrangente com a sua gestão e àqueles que labutam diariamente com o fazer cultural de nossa região, especialmente aqueles que estão localizados no município de São Luís. Até o último dia do ano as especulações de quem iria assumir a Secretaria da Cultura do Município de São Luís – Secult – era o assunto mais comentado nas rodas de amigos e pessoas preocupadas com esse segmento. Nosso medo maior era de que o nosso prefeito escolhesse uma indicação política, que, segundo nossa percepção, até poderia dar certo, mas com certeza teríamos um agente de uma tendência política específica, o que poderia causar muito descontentamento junto aos atores desse campo vital para a boa sociabilidade da cidade, pois esse agente estaria também a serviço de uma facção (no bom sentido) do campo político.
Graças a Deus, o prefeito Braide teve a sapiência de escolher um agente que está legitimado no meio cultural local, tendo, portanto, a credibilidade de desenvolver um diálogo com os diversos segmentos dessa cadeia produtiva que tem papel fundamental para a cidade, afinal a capital maranhense é talvez a cidade brasileira que detém a maior diversidade cultural entre todas as capitais do país, e, por conseguinte, as suas demandas são também proporcionais a esse título que só nos engrandece. Falamos do cantor, compositor, publicitário, ator e multimídia Marcos Duailibe, que nasceu e cresceu na região da Madre de Deus; o bairro de Marquinho é pulsante e efervescente sendo detentor de uma dinâmica cultural invejável. Independente desse detalhe geográfico, nosso novo secretário municipal de Cultura já demonstrou ao longo de sua vida uma intensa conexão com essa cadeia produtiva, portanto este ponto supervaloriza seu status como mediador da política que deverá ser implantada na cidade a partir de agora.
Não precisamos mais enumerar as ações, projetos e equipamentos que foram desdenhados e prejudicados pela gestão anterior, quando tivemos oito anos de obscuridade e os atores desse segmento ficaram órfãos, sem voz eficaz para o campo cultural, pois, desde o primeiro ano de gestão do senhor Edvaldo Holanda Júnior, os grupos do campo carnavalescos tiveram um tapa na cara, quando o prefeito e o ex-presidente da Fundação Municipal de Cultura não realizaram os concursos oficiais desse campo cultural, prejudicando em muito essa cadeia produtiva.
Agora, para fechar esse ciclo que classifico obscurantista com chave de ferro – enferrujado – veio a pandemia e o ex-prefeito que não deu a mínima para o campo cultural, acaba seu mandato de modo desolador, não tendo condições de gerir sequer os recursos que foram disponibilizados pela Lei Aldir Blanc, pois ele em vez de regulamentar a política municipal de cultura, não fez nada e destruiu o que estava encaminhado. Já que falamos em grupos carnavalescos, não custa lembrar que a atual gestão tem um desafio prioritário em tentar resolver os problemas desse segmento, pois o espaço sagrado dos grupos desse campo de atuação é a Passarela do Samba e a gestão que saiu deixou uma série de obras inacabadas que prejudicaram em muito esse espaço, como ignorar a via auxiliar da produção dos eventos que ali eram realizados quando executou o projeto de intervenção do entorno da Fonte do Bispo sem uma conversa formal com os atores que seriam atingidos (Escolas de Samba, Blocos Tradicionais, Blocos Organizados, Tribos de Índio, Blocos Afros, etc), além de modificar a mobilidade da via que fazia circular os carros alegóricos na área da dispersão da referida passarela.
Cabe a Marquinho Duailibe chamar com urgência os responsáveis pelos grupos culturais e discutirem abertamente soluções para tornar possível e viável esse projeto!
Euclides Moreira Neto – Professor , Mestre em Comunicação e Investigador Cultural