(“São Luís Tua Garganta, não sobra pra janta”)
Luís Augusto Cassas
São Luís ganha personagem especial em tempo de seu aniversário, em 8 de setembro. Trata-se de O Vampiro da Praia Grande, personagem romântico, sangrento e sensual, que sempre revezou seus esconderijos nos mirantes históricos, permanecendo recluso à explosão do sol.
Agora, rompendo a couraça que o mantinha recôndito aos ilhéus, ei-lo, o super-morcego exótico e erótico, exibindo ao público, a sua cara, identificada apenas pelas figuras femininas que ocultaram nos esguios pescoços, as marcas de seus caninos heavy metal.
Em tempos idos, quando não era pressentida a sua verdadeira identidade, disfarçado em comerciante de secos & molhados, foi convidado pela Câmara Municipal a receber o título de cidadania. O sentimento lascivo que sempre o povoou, inflamou seu discurso de agradecimento:
“ó cidades históricas
templo de belas histéricas
São luis tua garganta
não sobra pra janta”
Mas quem é ele? E por que resolveu revelar-se se, nestes tempos apocalípticos, de profundas turbações gerais, doenças cilíacas, glúten e pragas auto-imunes? Que temível flagelo está a temer? E o leva a aproximar-se a um solo de gambiarras, que anunciaria o fim do ciclo interminável de terror?
É de lá, da Praia Grande, rainha do Centro Histórico, onde atualiza o perfil e mantém a forma, caçando sua fonte de energia primordial, o sangue, que o nosferatu dos becos, resolveu, em aparente contradição, vasculhar a sua interioridade, vencendo o risco de ser ferido pela luz.
Movido por intenso desejo que o leva aos paradoxos mais profundos – “apesar do sofrimento infindo/ no prazer, torno-me lindo”, o Vampiro da Praia Grande, não se furta a negar a autenticidade da escuridão, matéria prima de sua irradiação existencial: “de restos e de escuridão nutro/ meu belo espírito de luxo”, que o conduz invariavelmente a modulação do forte ego que o sustenta: “vampiro/ o mais puro sangue.”
Mas é nesse aparente movimento que sua ferocidade erótica disponibiliza o exercício da ardente paixão: “detesto os que me saciam/ e amo os que me odeiam”, elevando o tônus do desejo, a níveis quânticos”. “Nas artes do amor/ nem o marquês de sade/ meu recorde quebrou.” Quem resistiria a essa indisfarçável fome de ser?
No entanto, a densidade lírica dos tempos pós-modernos e o humor que venceu o pessimismo atroz, notabiliza sua jornada no mundo: , “no alto dos mirantes/ lendo Vincent Price/ os dentes amolo em poentes”, personagem de thriller Hollyoodiano,”
hoje elegante vampiro/ estilo Robert de Niro/ vídeo exibo aos pupilos”, que aproxima as perspectivas da sobre naturalidade com a realidade ao redor.
Cansado de morder, laboratório ambulante de análises clínicas, o morcego começa a emitir sinais de desvio da fatalidade que o conduziu por séculos, ao mundo da escuridão. Será que, a antítese do ódio nutrida ao homem, para alguns, despeito, ou pura vingança, começa a dissolver-se, ante a redenção do trágico papel que a treva lhe reservou?
Poderíamos acreditar que o drácula ludovicense, em crise de valores, jejuaria da carne e do sangue, querendo morder o sol?
Dia 13 de setembro, próxima sexta feira 13, o Vampiro da Praia Grande, às 19 horas, na Livraria Amei, no Shopping São Luis, vai contar pessoalmente aos interessados essa guinada da treva para a luz. Do teatro das sombras à iluminação solar. Você tem um encontro marcado com ele. Agende-se e aguce sua curiosidade. Bom programa.
O Vampiro da Praia Grande, é personagem multibiográfico, onde o próprio autor, o poeta Luis Augusto Cassas, utiliza ampla descidas aos seus infernos noturnos, a vasculhar os porões de sua interioridade? Ou é apenas criação, baseado na complexa trama do personagem viciado em poder,controle, sexo e gozo? Fica ao leitor as deduções e assimilações, do estranho personagem viciado em sangue, que se esgueira nos mirantes em busca de novo pescoço feminino para a noite! Mas há sempre um morcego na porta principal, cuidado
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