A VerAmazônia Hub – Conexões Amazônia | Portugal acompanha as celebrações do Círio de Nazaré com uma cobertura especial, unindo saberes tradicionais e científicos em torno da maior manifestação de fé da Amazônia. Nesta edição, o olhar da jornalista socioambiental Mariluz Coelho e do fotógrafo João Ramid revela os caminhos da devoção, das promessas e da acolhida aos romeiros, em um diálogo entre espiritualidade, cultura e cuidado com a vida.
Entre os espaços mais simbólicos deste acolhimento está a Casa de Plácido, que abre oficialmente as portas nesta quarta-feira, 8 de outubro, às 18h. O local é um refúgio para os milhares de peregrinos que chegam a Belém depois de longas caminhadas em agradecimento a Nossa Senhora de Nazaré. Durante a quadra nazarena, 530 voluntários atuam em diferentes frentes — liturgia, cozinha, limpeza, lava-pés e animação musical —, garantindo atenção e carinho aos devotos que passam pelo espaço.
A Pastoral da Acolhida segue recebendo doações que serão destinadas aos romeiros atendidos na Casa de Plácido. As contribuições podem ser entregues na Casa CIM – Coração Imaculado de Maria, localizada na Travessa 14 de Março, entre Gentil Bittencourt e Alameda Dom Alberto Ramos, no prédio onde funcionava o antigo quartel do Exército.
A Casa de Plácido funcionará nos dias 14 a 18 de outubro, das 8h30 às 14h, e de 20 a 25 de outubro, também das 8h30 às 14h. Após a abertura no dia 8, às 18h, o espaço será fechado no dia 11, às 13h, reabrindo no dia 13 de outubro.
Criada há 16 anos, a Casa de Plácido foi idealizada pelo então reitor da Basílica Santuário, padre José Ramos das Mercês, para oferecer acolhimento digno aos peregrinos do Círio. A iniciativa nasceu da Pastoral da Acolhida, criada em 2001 pelo padre Sílvio, com o propósito de apoiar os promesseiros que chegavam exaustos e descansavam nas calçadas da Praça Santuário. Com o tempo, o gesto solidário se transformou em um espaço estruturado e cheio de significado, onde fé, cuidado e partilha se encontram.
O nome “Casa de Plácido” é uma homenagem ao agricultor paraense Plácido José de Souza, que no século XVIII encontrou a pequena imagem de Nossa Senhora de Nazaré às margens do Igarapé Murutucu, onde hoje está a Basílica Santuário. Segundo a tradição, ao levar a imagem para casa, Plácido percebeu que ela sempre retornava ao local da aparição, inspirando a construção de uma pequena ermida e dando início à devoção que, séculos depois, transformou-se no maior símbolo da fé amazônica.
A imagem original permanece no Glória da Basílica Santuário e só desce durante o Círio de Nazaré e em ocasiões especiais, mantendo viva a fé que atravessa gerações e continua a inspirar gestos de solidariedade, como o trabalho realizado pela Casa de Plácido a cada edição do Círio.
Texto: Mariluz Coelho