Nos dias de hoje o Natal é uma celebração afetiva, familiar, reunindo parentes e amigos em torno da passagem da data do nascimento do Cristo Jesus. A celebração é global, e movimenta todo o mundo cristão, sendo um marco moderno da civilização ocidental. Mas nem sempre foi assim em muitos lugares e em outros tempos. De fato, quando tal celebração estava caindo no esquecimento na Inglaterra, eis que surge um livro hoje considerado clássico: “Um Conto de Natal”, do grande escritor inglês Charles Dickens, cuja publicação, datada de 1843, elevou Dickens, a partir do seu texto, à condição de forjador do Natal como é celebrado nos dias de hoje, ao propagar a ideia do tão conhecido e disseminado “espírito de natal”. Esse livro se tornou a obra mais adaptada de todos os tempos, figurando no cinema, no teatro, em animações, histórias em quadrinhos…
O livro possui um personagem central, chamado Scrooge, que é avarento, para quem o natal não passaria de desperdício de dinheiro. Justamente na noite de natal lhe aparece o fantasma de seu antigo sócio, chamado Marley, que alerta Scrooge sobre a aparição de três espíritos que colocarão Scrooge diante dos erros por ele cometidos no natal passado, no presente e no natal futuro, o que nos leva à reflexão. Dickens introduziu em seu conto a formatação do Natal como celebração familiar, forjando novos valores adicionados à vida doméstica.
Condenando a avareza de Scrooge, o escritor enfatiza a generosidade, a confraternização, evidenciando o espírito da época em que o conto foi escrito, em meados do século XIX. Dickens lançou mão do termo alemão zeitgeist, significando espírito da época ou espírito do tempo (um recorte cultural, sociológico, de uma região, conectando-a com o mundo em determinada época específica). Por extensão, a obra nos evoca uma questão nevrálgica que a data natalina simboliza, a importância da partilha.
Quando o Cristo Jesus, na sempre lembrada e ritualística Santa Ceia, tomou o pão e o repartiu entre seus discípulos, ele dividiu o pão de forma igual, e todos, inclusive o Divino Mestre, receberam a mesma quantidade de alimento. Um alimento que transcende o aspecto material do pão; estende-se ao plano espiritual. Diz-se que ninguém é tão pobre que não possa dividir algo, inclusive a palavra, que pode ser de carinho, de conforto, de apoio num momento difícil vivido pelo nosso próximo. Este deve ser o espírito natalino representado pela celebração do nascimento do Cristo Jesus: partilha, caridade, doação, fraternidade, fé, amor! Que a paz de Cristo abrace a todos, agora e sempre. Feliz Natal!
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