Com o enredo Tradição, Devoção e Alegria, a Flor Canta as Festas Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, do carnavalesco Ítalo Fonseca, composição de Alisson Ribeiro (cabeça de parceria), Renato Guimarães e Eulálio Figueiredo, a Flor do Samba fechou os desfiles das escolas de samba desse ano e qualquer chance de haver outra na disputa do título, na passarela do Anel Viário, e levantou a taça de campeã pela 12.ª vez, em apuração na tarde/noite de quarta-feira de Cinzas, no Teatro Alcione Nazaré, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho. Já na madrugada de terça-feira gorda, a agremiação do Bairro do Desterro entrou na passarela com a força de um samba contagiante, com componentes cantando, e da bateria Fabulosa (dos mestres Antônio Carlos By e Xaréu), que arrepiou, mesmo debaixo de chuva, puxada pelo compositor e interprete Alisson Ribeiro.
Na exaltação ao folclore, que reforça a pluralidade cultural do País, a Flor do Samba viajou pelas manifestações que são Patrimônio Imaterial do Brasil. Mostrou a mistura de heranças europeias, indígenas e afrodescendentes, que, segundo o carnavalesco, é a fórmula perfeita para tornar o Brasil rico culturalmente. A Festa do Divino, o tambor-de-crioula, o Bumba-meu-boi, o Boi-bumbá e o Círio de Nazaré foram lembrados pela escola de samba do Desterro com uma evidenciada competência.
Consoante observadores experientes, a Flor do Samba apresentou uma nova visão, quanto o Bumba-meu-boi, com que, além de alas alusivas, dividiu um carro alegórico com a representação do Boi-bumbá. Com carros luxuosos e fantasias, com melhor acabamento em relação às concorrentes, a agremiação disse ao que veio num desfile que a colocava mesmo como a mais forte candidata ao título. Sua bateria Fabulosa, a mercê de muitos ensaios, na Praça do Desterro, manteve a harmonia e pujança, e isso contribuiu para esquentar a avenida, debaixo de muita chuva, porém em que em nenhum momento atrapalhou a desenvoltura dos componentes.
Escola de chegada para disputar título – Ainda está bem recente que, em 2016, a Flor do Samba foi a única a receber nota 10 em todos os quesitos, e foi punida com a perda de oito pontos, terminando em sexto lugar, quando, somente em 2019, devido a um acordo entre as coirmãs, foi lhe dado o campeonato, com a comprovação de que fora penalizada de forma equivocada. Realmente, foi a legítima campeã do Carnaval de 2016, a única escola a obter nota máxima em todos os itens em julgamento; e acabou apenas em sexto lugar, punida por atraso na entrada da Passarela do Samba, por culpa de um guindaste alugado pela Secult (Secretaria Municipal da Cultura) para içar destaques aos carros alegóricos, que dificultou a passagem do seu abre-alas. Ali, deu um show, homenageando o Laborarte (Laboratório de Expressões Artísticas).
Chico Coimbra, enredo ao carnaval de 2021 — Logo após a apuração, o presidente Luís César Maia (Lulu da Flor) anunciou o enredo da Flor do Samba para 2021: Será o carnavalesco e estilista Chico Coimbra, que dá nome à Passarela do Samba e por muitos anos foi integrante da agremiação, desfilando com fantasias de destaque. “Desde a passarela, fomos parabenizados pela beleza de desfile, resultando em nosso 12.º título, e agora é comemorar no Desterro!” — salientou Lulu da Flor.
Texto: Herbert de Jesus Santos
Veja a pontuação completa das escolas de samba:
1º Lugar – Flor do Samba – 140 pontos
2º Lugar – Turma do Quinto – 139.5 pontos
3º Lugar – Turma da Mangueira – 139.3 pontos
4º Lugar – Favela do Samba – 139.3 pontos
5º Lugar – Império Serrano – 138.5 pontos
6º Lugar – Marambaia – 138.3 pontos
7º Lugar – Mocidade Independente da Ilha – 136.6 pontos
8º Lugar – Terrestre do Samba – 136.2 pontos
9º Lugar – Unidos de Fátima – 135.9 pontos
Texto: Herbert de Jesus Santos