O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), Edilson Baldez das Neves concedeu entrevista exclusiva para o JP Turismo falando sobre as perspectivas da indústria maranhense e da economia para o ano de 2021.


na crise da Covid-19 – Foto: Divulgação
Baldez ressalta que acredita em uma recuperação ainda lenta. Ele complementa que as reformas estruturais são prioridade, principalmente a tributária e a administrativa, segundo sua análise.
JP Turismo – O ano de 2020 marcou negativamente a economia do Maranhão, com repercussões sobre o nível de emprego e produção. O que o senhor espera para 2021?
Edilson Baldez – Espero que possamos superar todas as dificuldades vividas neste ano de 2020 e que possamos fazer convergir todas as forças econômicas para um processo de retomada de crescimento sustentável. Sabemos que isto não se dará de imediato, pois muitas são as incertezas com relação à economia que estão associadas às condições de saúde pública. Esperamos, evidentemente, que a tão desejada vacinação chegue logo para a imunização da maior parcela possível de nossa população, dando mais segurança às famílias e aos trabalhadores e mais estabilidade às empresas. Acreditamos em uma recuperação ainda lenta, com as medidas econômicas sendo compatibilizadas com as ações de saúde. Isto, no entanto, não será suficiente se não se aprovarem as reformas estruturais, principalmente a tributária e a administrativa.
JP Turismo – Seguindo esse raciocínio, pode-se dizer que 2021 seja um ano de transição ou o senhor aposta em alguma taxa de crescimento positivo para o Brasil e o Maranhão já nesse ano?
Edilson Baldez – Eu diria as duas coisas. Neste ano de 2020 as projeções são de que o PIB nacional tenha uma taxa negativa em torno de 4,4% e o Maranhão, segundo o IMESC, uma queda de 8,0%. Para alcançar qualquer taxa positiva, primeiro é preciso zerar os índices negativos para, depois, buscar as taxas positivas. Essa transição é necessária, mas ela não pode ser longa. Alguns fatores favoráveis, a exemplo da taxa de juros Selic de 2,0%, que anima os investimentos, e o crescimento das exportações, gerando superávit comercial, precisam ser aproveitados. Se a transição durar até o final do primeiro semestre de 2021, no máximo, é possível que a economia apresente taxas positivas tanto para o PIB total quando para o industrial.
JP Turismo – Tivemos um passo importante com o novo marco do saneamento. Como o senhor vê essa iniciativa e outros marcos a serem aprovados como o da ferrovia e do gás natural?
Edilson Baldez – O saneamento é uma necessidade que precisa ser resolvida o mais urgente possível. É inadmissível que ele continue sendo visto somente como um problema em qualquer das unidades da federação. No nosso caso, mais de 2/3 da população maranhense não conhece o saneamento em suas casas. Como pensar em saúde se a população não tem esgoto sanitário ou água encanada? O marco do saneamento (é um conjunto de regras e leis que regulam o funcionamento de setores que têm agentes privados prestando serviços de utilidade pública, como ocorre, por exemplo, com o setor de telefonia), a exemplo do gás natural, torna claras as regras para o setor e deixa o ambiente de negócios mais confiável para os investimentos e é disso que precisávamos. Com esses marcos ampliam-se as oportunidades econômicas do Maranhão.
JP Turismo – E a reforma tributária, o senhor acredita que ela sai em 2021?
Edilson Baldez – Não se trata de acreditar. Todos os que investem e produzem neste país e neste estado há muito tempo vêm tentando sensibilizar a classe política para a urgência da reforma tributária, e de sua discussão e aprovação. Hoje, é impossível retomar um crescimento econômico sustentável e duradouro com a parafernália tributária que temos. É preciso simplificar, racionalizar, tornar os tributos instrumento de justiça social e econômica.
JP Turismo – O que mais podemos esperar do Sistema FIEMA para 2021?
Edilson Baldez – O Sistema FIEMA sempre levantou a bandeira da união, da parceria, da soma de esforços na busca de melhores resultados. Nesse ano de 2020, diante das dificuldades que se apresentaram para as empresas, independentemente de seu porte, e para a sociedade, o Sistema FIEMA e outras entidades de classe se juntaram na implantação do Projeto de Retomada das Atividades Econômicas – Avança Maranhão. Operacionalizamos muitas ações de apoio a 665 empresas, beneficiando perto de 27.200 trabalhadores com mais de 162 mil atendimentos, envolvendo capacitação, difusão de tecnologias, viabilizando o acesso ao crédito, numa tentativa para se manter vivos os empregos e as empresas. Isto foi um grande passo na direção da retomada produtiva e, no ano que vem, o Sistema FIEMA, por meio do SESI, do SENAI, do IEL e da Federação, ampliará sua cobertura, batalhará pela aprovação definitiva do novo Plano Diretor para São Luís, pelo avanço do Zoneamento Econômico-Ecológico, envidará todos os esforços para ver concretizado o polo aeroespacial de Alcântara, ampliando as oportunidades de negócios no Maranhão, pincipalmente com maior inclusão digital. Ao mesmo tempo, contribuirá para aumentar a qualidade da saúde e segurança dos trabalhadores de nossa indústria, oferecendo novas ferramentas de gestão empresarial, de modo a elevar o grau de competitividade de nossas empresas e nossos produtos.