O Governo do Estado do Maranhão e, por extensão, todos os envolvidos com a cadeia produtiva da cultura, – rede hoteleira, comerciantes, taxistas, restaurantes, artistas e produtores culturais-, estão em estado de euforia após a divulgação de que mais uma vez, batemos o recorde em número de visitantes, fato que se repete ano após ano, durante os Festejos Juninos. Tão relevante acontecimento contribui para o aumento da riqueza que circula entre nós.
Provado está que investir no São João não é uma despesa, mas um forte e significativo investimento, sendo assim, temos que melhorar nosso produto e otimizar a forma de oferecê-lo mundo afora, melhorar onde não estamos bem e tornar excelente o que já fazemos com qualidade. Neste sentido, desejo oferecer para análise, o que observei com incontida alegria nos festejos juninos do Baixo Parnaíba, – Magalhães de Almeida, São Bernardo e Santa Quitéria-, e penso poderia ser aplicado em nossa capital como forma de otimizar a festança.
Como defendo que nosso turismo cultural pode ser vendido casado com o turismo ecológico, de aventuras, e outros, por que não os associar nas ofertas? Por que não dentro da própria festa? Como no exemplo do Leste Maranhense. Lá, à guisa de exemplo, me encantei no ano passado com a decoração motivada nos Lençóis Maranhenses, com o belo farol de Mandacarú em destaque. Meu espanto foi maior este ano, quando boquiaberto constatei que a motivação escolhida fora os aspectos religiosos de São Bernardo, tendo a réplica, quase em tamanho natural, da igreja da cidade, como farol de encantamento.
Claro que não estou defendendo que todos os arraiais sejam assim decorados, penso, entretanto, que se poderia criar uma saudável competição entre o Governo do Estado e a Prefeitura de São Luís, onde um decoraria a Praça Maria Aragão com os atrativos dos Lençóis Maranhenses e, o outro, o Ipem, tendo como motivação a Chapada das Mesas, seus canyons, vales e as deslumbrantes cachoeiras. Com este fazer, estaríamos disponibilizando um pequeno retrato para nosso povo, que embora desejante, não consegue chegar lá, e encantando os turistas. As bandeirinhas são bonitas, não nego, a ideia apresentada, entretanto, comunica mais e carrega um anúncio de venda anexado a um pedido de compra ainda sem titularidade.
Os manuais de venda, já há muito nos ensinam, que além de um bom produto, temos que ter uma estratégia para comercializá-lo. Nosso produto- o Maranhão e suas incontáveis belezas-, têm excepcionais atributos, todos reconhecem, temos que aprimorar nossa gente na arte de vender. Tarefa que tem necessariamente que incumbir a todos os maranhenses, não apenas nossos dirigentes. Esta ação vai desde como recebemos, como nos relacionamos e até de que forma nos despedimos.
O conceito de turismo surgiu, na Europa, por volta no século XVII, para se referir a determinado tipo de viagem. No Brasil entretanto, somente a partir da segunda metade do século passado, começa a ser tratado como atividade econômica. Ganha força em 2003 com a criação do Ministério do Turismo e do Plano Nacional de Turismo. Hoje, esta atividade movimenta mais de dez milhões de viventes, emprega mais de 7 milhões de brasileiros e contribui com cerca de 8% para a formação de nosso Produto Interno Bruto.
Dentre todas as formas de turismo, temos que ressaltar, neste caso, a prevalência do turismo cultural, que grosso modo, é aquela modalidade de viagem que tem como meta tornar possível o ato de conhecer a história, a arte e a cultura de um determinado destino. E neste particular, a bem da verdade, o Maranhão não tem parelha.
E sendo a cultura o bem que nos identifica perante outras nações, como se fosse o sobrenome nas pessoas naturais que identifica a descendência de todos. Isto impõe a todos, não somente fazer sua defesa, mas lutar pela sua unicidade e preservação. É nossa maranhensidade que está na prateleira. É isto que somos impingidos a vender a quem nos visita. Para vender bem, temos que satisfazer o comprador e atender as expectativas do vendedor.
Renato Dionisio – Historiador, Poeta, Compositor e Produtor Cultural