Muitas pessoas me perguntam se não tenho receio de viajar sozinho; respondo que tenho, mas o medo não impede de eu cruzar a soleira de casa, ir para o aeroporto, fazer check In, entrar em uma aeronave, afivelar o cinto, e desembarcar do outro lado do mundo. Tenho tudo contra para não viajar sozinho: ando com muletas, não puxo mala, convivo com dor, não tenho muito dinheiro, não falo inglês. E, para completar, duas semanas antes de começar essa maratona, fui duas vezes à emergência do hospital por causa de uma labirintite, que fazia minha pressão subir. Mais um comorbidade que o passar dos anos me presenteia.
Medicado, caí no mundo. Como sou teimoso e tenho objetivos a alcançar, repito para mim mesmo: já que tem só tu, vai tu mesmo. Assim me aventuro por esse mundão de meu Deus, feliz e satisfeito.
“Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar”, escreveu Martha Medeiro, em uma de suas deliciosas crônica.
Estou em uma trip pela Europa e Ásia, onde já visitei treze países, todos fascinantes e surpreendentes, e acreditem, seguros.
Escrevo de dentro da aeronave da companhia aérea Hunnu Air, que partiu de Almaty, Cazaquistão, e daqui a pouco pousará em Ulan Bator, capital da Mongólia, um país que sempre mexeu com meu imaginário. Ainda menino, li as histórias/estórias de Gengis Khas, e ficava fascinado com seu poderio. Segundo a previsão do tempo, faz 15 graus negativos em Ulan Bator, a capital mais fria do mundo. Para uma estadia de três dias, não é frio para matar.
Ao realizar uma viagem como essa, longa e para lugares longínquos, tem todo um planejamento, uma logística.
Com planilha nas mãos, cuidadosamente elaborada pelo amigo Ivan Zanella, curitibano radicado em SP, -que tive a sorte de conhecer em um voo para a África. A planilha me serve como bússola a me guiar, com detalhes de especialista: horários de partidas, chegadas e duração de cada voo; distância do aeroporto aos hotéis, transfer ou táxi que vai me buscar no aeroporto; fusos horários. Localização dos hotéis, os pontos turísticos. Valor da moeda de cada país frente ao dólar. E, com todas as informações em mãos, no smartphone, tudo fica mais fácil. Cada vez mais a tecnologia facilita minhas andanças pelo mundo.
Portanto, se eu fosse esperar por bom tempo, dinheiro sobrando, aprender inglês, ou que minhas comorbidades diminuíssem, não atravessaria a rua em frente do prédio onde moro.
A coisa mais importante de nossa vida é o tempo da existência; e vejo que o meu está cada vez passando mais rápido. Não tenho tem tempo a perder. Prestes a completar 67 anos, tenho sede e fome de conhecer lugares, culturas, gastronomias e pessoas, que só seria possível saído da minha zona de conforto, indo de encontro ao desconhecido.
Sou fascinado pelo mundo; o que tenho visto e vivido nesses dias já viraram memórias que já se eternizarão em mim.
Enquanto você, caro leitor, amiga leitora, estiver lendo essa crônica, já deixei a gelada Ulan Bator para trás e estarei em Riad, Arábia Saudita, com 30°, mesma temperatura de minha Ilha do Amor, São Luís do Maranhão.
É ou não é fascinante conhecer o mundo?
Luiz Thadeu Nunes e Silva – Engenheiro Agrônomo, escritor e globetrotter. Autor do livro “Das muletas fiz asas”. Instagram: @luiz.thadeu / Facebook: Luiz Thadeu Silva / E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br.
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