Não há data mais aconchegante e familiar do que o Natal, casas enfeitadas, músicas alegres, comida farta e atos de solidariedade se tornaram elementos essenciais para essa época do ano, o feriado se tornou uma ocasião para reunir a família em volta da mesa, sobretudo aqueles familiares que não vemos no dia a dia. Porém esse costume, que passou de geração para geração, se iniciou há muito tempo.


O inicio do Natal
No Hemisfério norte, ocorre o Solstício de inverno, evento que marca o inicio do inverno e que costuma acontecer entre os dias 21 e 22 de dezembro, no equivalente ao que seria o dia 25 no nosso calendário, os habitantes da Roma Antiga tinham o costume de celebrar o festival do sol invicto, realizado em homenagem ao deus do sol Mitra.
“O aparente poder sobrenatural para governar as estações, que se manifestam no solstício, inspirou reações de todos os tipos: ritos de fertilidade, festivais relacionados com o fogo e oferenda aos deuses”, contou o historiador Richard Cohen, em entrevista para o jornal espanhol El país em 2017.
Na mesma época do ano, as famílias que comemoravam o festival do rei sol também celebravam a Saturnália, festa dedicada ao deus da agricultura Saturno. As divindades romanas contavam com uma grande quantidade de seguidores em uma época em que o cristianismo se encontrava com poucos fiéis e cujos festejos eram focados mais na Sexta-feira Santa e na Páscoa.
No século III d.c, com o objetivo de alcançar mais adeptos para a religião, a igreja deu início ao hábito de comemorar a chegada na terra da figura central do cristianismo no mesmo dia em que a população homenageava Mitra, a data em questão foi decretada pelo Papa Julio I e promulgada por Constantino, imperador que transformou o cristianismo na religião oficial de Roma.
Para celebrar os primeiros natais, era comum as famílias da época levarem para as celebrações costumes que eram postos em prática nos festivais que homenageavam os deuses pagãos, como por exemplo as trocas de presentes e as refeições repletas de pratos, tradições essas que são mantidas até os dias atuais pelas pessoas que comemoram a data com seus parentes.
Dias atuais
O mais importante dessa ocasião é celebrar o nascimento do Menino Jesus nos nossos lares, sua chegada se tornou o laço que une as pessoas nesta época do ano, fazendo a mágoa desaparecer ou ser diminuída. Para muitos, ele ensinou amar ao próximo e que é necessário sempre manter os laços estreitos com quem ama. Para Eduarda Sousa, o Natal significa família e sentir que é a melhor oportunidade para deixar as desavenças de lado.
“Se eu tivesse que resumir o Natal em duas palavras, seria amor e união, porque é tudo isso que representa. É um momento de reflexão e perdão, é poder encontrar com as pessoas que amamos, esquecer os momentos ruins e priorizarmos aquele sentimento bom, pois assim como a vida, o Natal desperta o que se tem de melhor em cada um”, externa em palavras Eduarda.
A jovem de 21 anos não tem como não comemorar a data, ela nasceu às 01h45 do dia 25 de dezembro de 1998.
“Sinto-me especial em comemorar o meu aniversário no Natal, porque é uma das datas mais bonitas do calendário, afinal é um dia muito marcante e raramente alguém esquece de me parabenizar. Sou muito grata por sempre ser lembrada e de poder dividir esse momento tão encantador com Jesus Cristo”.
A principal reclamação da Eduarda, que completará 22 anos neste ano, é não poder fazer uma festa de aniversário pela data comemorativa, uma vez que durante essa época seus amigos e alguns dos seus familiares estão muito envolvidos com as festas, ou viajando, o que acaba os impossibilitando de estarem presentes para uma celebração de mais um ano de vida.
Para as crianças, o Natal é um dos dias mais esperados durante o ano inteiro e com essa data elas criam expectativas, ficando cheias de sonhos, desejando presentes e à espera do Papai Noel que traz um toque de magia para esse dia tão mágico. A pequena Emanuelle Jansen Goiabeira, de sete anos, diz que espera ganhar uma barraca devido a sua paixão por acampamento, mas esse não é o único motivo que a faz esperar pelo dia 25.


“Eu gosto muito do Natal porque a gente comemora o nascimento de Jesus, que era um homem bonzinho, mas também gosto desse dia, pois posso passar ele com minha família, eles fazendo brincadeiras legais, como o amigo secreto, onde trocamos presentes, e onde eu ainda posso comer as comidas gostosas que eles fazem”, comentou Emanuelle toda feliz com a noite de Natal.
Além das crianças, o feriado chega a mexer com o estado de espírito das mais diversas faixas etárias, sejam adultos jovens, adolescentes ou idosos. Para a adolescente de 17 anos Ana Sophia Pereira, que completou o Ensino Médio recentemente, o Natal não só é o dia mais feliz do ano, como também traz uma sensação de renovação.
‘’Eu amo o Natal, e para mim, é uma data linda e especial, além de ser importante, porque foi o dia do nascimento de Jesus Cristo e acredito que seja uma data pra se passar com quem amamos. Todos reunidos, felizes, com aquela ceia enorme na mesa que já é tradição e que representa a união da família’’, descreveu Sophia.
O fiscal Domingos Martins, de 70 anos, é casado, pai de cinco filhos e divide a casa com sete netos. Em entrevista à nossa reportagem, o idoso comentou que enxerga a celebração do primeiro dia da vida de Cristo, na Terra, como uma forma de aproveitar a família, que para ele é o melhor bem que um ser humano é capaz de possuir.
“Desde quando eu era criança, sempre passei essa celebração com meus parentes, e para mim, passar o Natal com família é mostrar o quanto eles são importantes e o quanto devemos prezar por eles sempre, principalmente quando se aproxima o fim de ano, o Natal é para trazer paz, a pandemia esta dificultando as coisas, porém é exatamente na família que devemos encontrar forças para momentos assim”, comentou Domingos Martins.
Devido a pandemia, algumas famílias não poderão passar as festas de fim de ano juntas, é o caso da família da estudante de jornalismo Larissa Santos, cuja mãe contraiu Covid-19, devido a tal fator, a jovem irá passar sua época do ano preferida somente com os pais e com os dois irmãos. Afastada dos outros parentes, inclusive a avó, com quem Larissa se acostumou a passar a celebração, mas mesmo assim a estudante confia que poderá ter um feliz natal esse ano.
“Mesmo afastados dos outros, não iremos nos abalar, pretendemos fazer um evangelho (encontro familiar onde são estudados ensinamentos bíblicos) e agradecer pelas coisas boas que ocorreram conosco, depois iremos fazer uma vídeo chamada para nossos parentes. Queremos que esse Natal seja uma reunião de paz e faremos de tudo para que a tradição desta bela data seja mantida”, descreveu Larissa.
Mauro Belini trabalha como Papai-Noel nos shoppings de São Luís faz cinco anos, fã de crianças e adepto da ideia de o quanto o Natal é especial e importante, ele admite que não vai ser um Natal como os outros, mas afirma que é importante manter os bons sentimentos, além de pedir para as pessoas se protegerem.
“Em prol da saúde de todos, será importante seguir as recomendações de saúde e de segurança, como uso de máscara e manter o distanciamento social, mas o amor deve permanecer firme em nossos corações para que a magia do Natal continue presente. Tenho fé que iremos superar esse momento e com a graça de Deus, o próximo ano será melhor”, afirmou Belini.
Além das grandes festividades, o verdadeiro espírito natalino é sinônimo de solidariedade e doação ao próximo. O ato de doar-se pelo bem do outro ganha destaque nesta época, com ações que se espalham por todos os cantos. A época de Natal sempre esteve associada à generosidade, ao amor, à esperança e ao sentimento fraterno.
Familiares, empresas ou grupos de amigos se unem para proporcionar um Natal mais feliz para crianças que residem em abrigos, para idosos que estão em asilos ou hospitalizados, para famílias excluídas ou pessoas em diversas situações de vulnerabilidade social. Além disso, são promovidas as tradicionais campanhas de arrecadação de brinquedos, roupas e alimentos.
Texto: Isabella Mendes e Ítalo Cavalcanti, estagiários JP Turismo