“Quem faz a história, conta ela toda”! “Seu retrato é bom pra resolver, mas sua prosa é muito melhor”! Com essas sabenças do popular Calça Curta, brincante do Boi de Matraca da Madre de Deus, quando eu presidente da secular brincadeira solicitava que ele contatasse uma pessoa, e ele descartava sua possibilidade, não só prestigiei como discursei antes dos lançamentos dos títulos Gardênia— Flor da Lapela (biografia da ex-prefeita da Capital, Maria Gardênia dos Santos Ribeiro Gonçalves) e Interações Comunitárias (de crônicas), de Euclides Moreira Neto, às 19 h de terça-feira, na Livraria Espaço Cultural AMEI, no Shopping São Luís. Convém salientar que este texto agora concebido será o fecho de Brilhantes no Tempo de Cada Um (São Luís em Verso, Prosa e Quatrocentona), a minha 19.ª obra, para qual eu espero melhor fortuna que à de A Ilha em Estado Interessante, premiado em primeiro lugar no Concurso Literário Cidade de São Luís, em 2015, da Secult (Secretaria da Cultura do Município), porém, por perseguição do prefeito Edvaldo Holanda Júnior a mim, nunca foi publicado, além de pagar-me apenas sete salários mínimos na premiação que sempre foi de 10 salários, publicou um segundo lugar fora da lei, e nunca mais promoveu nenhum certame, rasgando a lei municipal de 1955, a bendita de autoria do vereador Casemiro Carvalho.
Na concessão da palavra do autor (jornalista, carnavalesco da Favela do Samba, professor, mestre e doutorando do Curso de Comunicação da UFMA), acentuei que estava ali, dirigindo-me a um público tão distinto e notável, por causa da Minha Avó Paterna, Marcelina Cirila dos Santos (D. Marcela), que, analfabeta, levou-me para a casa dos Meus Padrinhos e Pais de Criação, o oficial de Justiça Francisco Galvão dos Santos (Chiquito) e Aldenora Ferreira Galvão dos Santos (Dedé), na Rua do Apicum, para eu não ser pescador quanto o Meu Pai, Felipe Nery dos Santos (Filipão). Aluno do Liceu diurno,fui aprovado nos vestibulares de Direito e Comunicação Social (Jornalismo) da UFMA, e colei grau neste, seguindo a profissão em diversos jornais, com ascensão de repórter a editor-geral, coincidindo com um desejo da Minha Avó paterna de “ser do jornal!”, o que sou, realmente, em qualquer parte do Brasil, qual realçado em minha carteira profissional.
Isso Minha Avó tirava de letra, pois, mesmo analfabeta, em magia, para acordar o dia mais cedo, era Marcela, e, também, Luzia, em acender alegria e estrela aos companheiros e aos filhos pescadores, com sua venda de mingau de todo o dia, antes de brilhar São Pedro e seus andores. Na Festa do Glorioso São Pedro, num tempo que ainda não foi, sabia de cor e salteado o segredo, no largo enfeitado pro Boi, qual zabumba que vinha distante: de Mizico, Medonho, ou Lorentino, dos quais, eu guardava o brilhante, caído do Boi e do brincante, para eu preservar seu destino, numa caixa de papel coração, que cresceu mais que o menino e reluz no céu do seu chão. Minha Avó tinha cada ideia! Queria que eu fosse alguém na vida que é plateia e louva mais os que têm! Vovó cresceu minha infância em seu brilho de todo dia. Ser rico de luz, sua ânsia, com ouro de tolo, não me via. Estou sujando a capela, São Pedro é a bola da vez: eu fiz escola por ela e lia o jornal pra nós três. Estou sujando a capela, São Pedro não estudava; a zeladora era ela, de mim e do santo cuidava. E disso eu fazia praça, satirizando o enredo e me lavava na graça, botando a culpa em São Pedro. Cara de santo eu fazia, mas Vovó conhecia cara de tambor que amanhecia, santo de casa e de arara: — Nem “mais” nem meio “mais”, santo não tem “dô” de dente! Naquilo em que eu era capaz, faltava ao santo ser gente. Passa o tempo, marco passo, com a fronte erguida, porém, pois não corrompo o compasso da reta que a linha tem. Na lida, publico agora que deixam a justiça ao léu, e Vovó me crer nesta hora e bota ordem no céu. Tem espaço para arrumar, no Alto, celeste ermida. Porque tem São Pedro, lá, e aqui, minha luta renhida, ralha, ali, com o Santo do Pedro, e com os meus santos, cá, contudo, nos sendo querida, entendendo-se a benquerença que há em: “Que santos putos da vida!” Chegou sem pedir licença, não era a Irene do Manuel Bandeira, nem tratou “sua incelença”, “meu branco” nem abriu porteira. Era só pra varrer o céu e para cuidá-lo tão cedo: ela, na Madre de Deus, já era assim com São Pedro! (*) Do livro São Luís em PreAmar (Ainda Assim, há um Azul!)
O batismo de fogo do repórter — Comecei em O Imparcial, cobrindo a Greve da Meia-Passagem no Transporte Público, em 17.9.1979, em pleno governo estadual de João Castelo, enquanto Euclides, acadêmico de Comunicação da UFMA, por trás de uma filmadora, registrou mais os lances dramáticos. As escaramuças só terminariam no dia seguinte, com a vitória dos estudantes, universitários e do ensino médio, com o restabelecimento da meia-passagem, e comemoração na Praça Deodoro.
Um Castelo além dos Leões — Com os colegas jornalistas Mário Jorge Muniz e Ribamar Pinheiro (repórter-fotográfico), fui entrevistar João Castelo, que deixava a chefia do executivo com projeto de voos mais altos na carreira política (aonde chegou a senador), em julho de 1981, na Fazenda Modelo da sua propriedade (no município de Codó), em que, numa piscina, em companhia de D. Gardênia, respondeu a todas as nossas perguntas. Na volta, com texto meu e do hoje saudoso Mário Jorge Muniz, fui incumbido de colocar o título na matéria memorável, e não deu outra: UM CASTELO ALÉM DOS LEÕES. D. Gardênia, com um pé na casa dos 80 anos, que celebrará no próximo ano, lembrou-se da entrevista, com “Vocês eram novinhos!”, em comparação aos meus cabelos embranquecidos, vistos, hoje.
Gardênia é Presa em seu Castelo — Foi a manchete que eu dei, no jornal Diário do Norte, sendo editor-geral, para a matéria sobre arruaça, em 1986, que resultou em D. Gardênia, a primeira prefeita eleita de São Luís, sem sair do Palácio La Ravardière (sede do poder municipal), por uma noite, quando menos. Motivo da confusão: Ela derrubou todas as nomeações (ilegais) realizadas no apagar das luzes de gestão anterior. Ali, na noite de autógrafos, com ela na plateia, pedi sua compreensão pelo meu título na capa do matutino, e ela entendeu como ossos do ofício. Por via das dúvidas, reforcei, no ato, que, com dois grupos políticos antagonistas (ali, o de João Castelo e o de José Sarney) era como o povo no meio de ambos, assim: “Na briga entre o mar e o rochedo, o marisco é quem paga o pato!”
Euclides Moreira com a oração — Agradeci aos aplausos do auditório, retornei a palavra ao escritor da noite de autógrafos, que salientou ser a data escolhida na passagem alusiva à Literatura e à Língua Portuguesa. Incontinenti, Euclides Moreira Neto sintetizou as ações para que os lançamentos se concretizassem, com sucesso.
Prefácio de Arlete da Cruz Machado — Gardênia — Flor de Lapela tem 136 páginas, prefácio da professora e poetisa Arlete da Cruz Machado, que destacou haver a prefeita Gardênia atingida por forças dos poderes estadual e federal, após ser eleita pelo povo, que teve ao seu lado, principalmente, o povo pobre. Para Euclides, assinalou: “Conseguiu a singeleza da revelação de uma experiência de vida, fazendo Gardênia escritora, a escrever, detalhadamente, ricos, importantes, e dolorosos instantes da História Maranhense.”
Interações Comunitárias — Reúne 33 crônicas produzidas no corrente ano e são acontecimentos do meio social ludovicense. Recebeu o prefácio do professor PHD em Comunicação, Marcos Fábio Belo Matos, com: “A crônica vive na alma de todo intelectual que se preocupa com o seu lugar. Foi por isso que este novo livro de Euclides Moreira Neto é um mosaico das suas visões sobre sua Cidade, seu Estado e seu País!”
Gardeninha Gonçalves abraçando a mãe e o amigo Euclides Moreira Neto – Djalma Raposo
Auditório de Brilhantes — Prestigiaram a sessão de autógrafos de D. Gardênia Ribeiro Gonçalves e de Euclides Moreira Neto, dentre outras personalidades: Maria do Carmo Nunes, Paulo Washington Beltrão, Fernando Pinheiro e o jornalista, carnavalesco e animador cultural Joel Jacinto (DAC/UFMA); a ex-deputada estadual Gardeninha Gonçalves e sua avó Izaura dos Santos (mãe de D. Gardênia); José Antônio Carvalho (professor da UEMA); Domingos Tourinho (carnavalesco da Turma do Quinto e ator); Leda Nascimento (professora e atriz); Lio Ribeiro (jornalista e teatrólogo); Ceres da Costa Fernandes (professora, escritora e da Academia Maranhense de Letras-AML); Carlos Gaspar (escritor e da AML)/; Simão Cirineu Ramos (professor, guia de Turismo e poliglota); Antônio Monteiro (médico e carnavalesco da Favela do Samba); José Carlos Madeira (juiz federal); Brasa Santana (presidente da Associação de Blocos Carnavalescos); Clay Lago (médica e viúva do ex-governador Jackson Lago); Conceição Andrade (ex-prefeita de São Luís); Cecília Buhaten; Jeisa Moraes; Francisco Almeida (professor e geógrafo); Joãozinho Ribeiro (poeta, cantor e ex-secretário estadual da Cultura, no Governo Jackson Lago).
Parabéns pelo texto e pela cobertura
Tagil Oliveira Ramos