O JP Turismo atinge seus vinte e sete anos num momento em que o jornalismo, em todas as suas faces e aspectos, sofre alterações radicais, talvez como nunca antes, desde o seu aparecimento.
O suporte jornalístico impresso, que era o primeiro clarão de notícia das manhãs, para muitos, até há poucos anos movimentando bancas e discussões nas praças e nas ruas, tende a desaparecer completamente. As empresas jornalísticas começam a desfazer-se de seus parques gráficos, para ocuparem salas 3×4 com notebooks e computadores, com profissionais que buscam (ou precisam) a todo custo adaptar-se, migrar para o universo profissional digital e descobrir aí sua própria utilidade. O JP Turismo nasceu um pouco antes de toda essa onda transformadora, diria avassaladora, no hoje difuso 1995, quando começávamos a trilhar aquele começo dos anos de Fernando Henrique Cardoso, os inícios ideais do Plano Real, a chegada dos tijolões da comunicação privada, a novidade e invasão dos celulares.
É nesse contexto, portanto, que nasce o JP Turismo. E é preciso admitir que ele nasce sob uma concepção, enquanto ideia, absolutamente visionária: um caderno substancial que abre as portas ao conhecimento e às notícias do setor turístico no Maranhão, o que até então era feito mais por revistas esporádicas, por vezes esparsas, do que por um noticiário com regularidade semanal. Ele veio e supriu dignamente, portanto, uma necessidade de mercado e de notícia, ocupou um vazio, criou um nicho. Entretanto, para muito além disso, o JP Turismo se coloca, no setor particular, como um serviço que, convenhamos, auxilia as próprias instituições públicas do estado, na divulgação dos nossas primícias turísticas, roteiros, parques, áreas e setores que temos, o que o estado faz de maneira ainda precária, até porque não pode fazer sozinho, precisa de parceiros nessa empreitada. Obviamente não é que este Caderno venha ocupar o lugar dos canais do estado, da própria Secretaria de Turismo, mas se constitui como um forte instrumento nessa potencialização do setor.
Algumas circunstâncias também têm confluído, sem dúvida, para a expansão deste Caderno e seus potenciais, tais como o próprio surgimento de novos roteiros turísticos no Maranhão, inclusive integrado com outros estados; a abertura de rotas turísticas e investimento em cidades tanto em direção ao litoral leste (com o Parque dos Lençóis e o Delta do Parnaíba), e cidades circunvizinhas, bem como para o litoral oeste, até a o estado do Pará, o sul e sudoeste do Maranhão até Tocantins; as cachoeiras de Carolina, os chapadões até os sítios pré-históricos do sul do Piauí. E não somente isto, mas a abertura para as grandes rotas como a do Ceará, a de Pernambuco, de Goiás, do Brasil, enfim. Algumas das últimas notícias do JP Turismo, além das mais locais, são sobre o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, e grandes exposições com potencial turístico nacional, ou seja, propõe-se a alcançar um circuito cada vez maior.
O que se vê e se torna patente, portanto, é o dinamismo desse Caderno e o seu crescimento. Por outro lado, busca aliar a esse interesse um conteúdo realmente cultural, como deve ser, já que o setor da Cultura é um dos fortes braços integrantes do Turismo. Contudo, precisamos notar que o Caderno tem ultrapassado a mera integração, para abrir espaço a autênticos conteúdos críticos e dinâmicos da Cultura, como é o caso do seu mais recente encarte, o suplemento literário Sacada Cultural, publicado no JP Turismo desde julho/2021.
Talvez tudo isso não fosse possível sem a visão, as apostas e o dinamismo do editor do JP Turismo, o jornalista publicitário Gutemberg Bogéa, cujo caráter irrequieto e total inserção orgânica nos processos culturais, festivos, jornalísticos e dinâmicas sociais deste estado, o Maranhão, fazem dele a pessoa certa para esse tipo de trabalho, que exige abertura, nunca fechamento.
O que se pode dizer é que vinte e sete anos declaram uma solidez e madureza, que inspiram seriedade, e confiança para um veículo de comunicação. Apaga toda e qualquer suspeita de diletantismo. Porém, para os que conhecem Gutemberg Bogéa sabem que ele não parará por aí. Sabemos que ele vem se empenhando cada vez mais e apresentar novos produtos dentro do próprio Caderno, redirecionando forças também para os suportes eletrônicos e digitais, um caminho que oferece novas estruturações e mil possibilidades. Certamente esse caminho também será trilhado com a mesma tenacidade, dinamismo e permanência.
Independentemente de integrar uma publicação tão sólida e tradicional como é o Jornal Pequeno, que impõe respeito por si mesmo, o JP Turismo conquistou merecidamente o seu lugar de destaque. Não se trata mais de algo particular, mas de uma imagem do próprio lugar, do modo de ser de sua gente e das riquezas que promove, em suas páginas. O Maranhão deve se orgulhar dessa iniciativa e dessa existência, à qual, conjuntamente, desejamos sucesso – e vida longa.
*Antonio Aílton
Poeta, professor, pesquisador literário
Responsável pela produção do Sacada Literária, encarte do JP TURISMO, desde julho/2021.