Dia de São Pedro já é sinônimo de devoção ao santo, através de grande concentração de grupos de Bumba-Meu-Boi no Largo de São Pedro, no Anel Viário. Na festa cerca de 10 mil pessoas e dezenas de grupos fizeram parte da retomada da tradicional reverência ao santo. A movimentação ocorreu desde as 22h de 28/06 e atravessou a madrugada, prosseguindo ao longo de toda a quarta-feira (29/06) até à noite, mostrando mais uma vez a força de uma tradição, tendo à frente o Bumba-Meu- Boi, patrimônio cultural brasileiro, no Largo de São Pedro, situado no bairro da Madre Deus, como a festa do apogeu junino, em São Luís do Maranhão.


A animação tomou conta da área, e o eco das matracas e pandeirões amanheceu o dia sem cessar em momento algum. Barracas de palha montadas ao pé da escadaria que dá acesso à capela se espalham pelo local, com comidas típicas e bebidas. Grupos de matraca da ilha, São José de Ribamar, Pindoba, Maioba, Iguaíba, Maracanã, e muitos brincantes pescadores, devotos fervorosos de São Pedro, cultuaram o santo de forma intensa, realizando pedidos e pagando promessas.


Com sol a todo pino a visão das embarcações na procissão do santo que ocorreu das 7 às 9h da manhã, percorrendo os arredores da festa do Anel Viário, o espetáculo foi digno da maior festa do folclore de São Luís. Para quem se aventurou acompanhar a procissão marítima dedicada a São Pedro, puderam ver os fiéis se aglomerando ao longo da avenida e ainda no cais da Rampa Campos Melo e um pouco de discussão por conta das embarcações que acompanhariam a lancha Bahia Star. Depois do passeio da imagem do santo pelas águas do Anil, as embarcações seguiram em direção ao rio Bacanga, até que a imagem do santo São Pedro chegou em terra firme. A procissão se tornou daí pra frente terrestre, percorrendo as ruas até finalmente, chegar na Capela de São Pedro, na Madre Deus, sob os estouros dos foguetes. No interior da capela, cenas de fervor religioso foram presenciadas, assim como a devoção dos grupos que subiam as escadas para reverenciar São Pedro.




Crença de melhoras, em 2023 – PM prejudica tradição da Festa de São Pedro e fiéis reclamam de procissão marítima fraca
A Festa de São Pedro, na Madre de Deus, sem acontecer desde 2020, por força da pandemia da Covid-19, completou 82 anos, em 2022, com algumas reivindicações de devotos e barraqueiros, entre mais embarcações para pagadores de promessa participarem da procissão marítima e lotes para a construção de barracas com preços mais baratos, em vista de ser praticamente só um dia (o 29) as suas vendas e sem muita previsão de pagarem suas despesas. Além desses gargalos, uma patrulha comandada por um oficial PM autoritário pretendeu cessar o movimento do largo, assim que o cortejo do santo chegou de seu trajeto pela Baía de São Marcos, por volta das 10h, o que rendeu alguns atritos com frequentadores e mais desabafos de barraqueiros, com o militar alegando que sua motivação era segurança, sendo rebatido por populares de que isso nunca havia acontecido, e que deixasse viaturas no local.


A limpeza também foi alvo de críticas por parte de participantes como o professor Simão Cirineu Ramos, pois já perto de começar a acontecer a procissão terrestre, às 17h, com algum atraso, foi concluída a operação no largo. Ele foi categórico: “A empresa contratada, para a realização deste serviço importante, foi inoperante, e com uma morosidade irritante, até para os visitantes que não demoraram, por isso mesmo, no local!”.


O público devoto de São Pedro participou de uma festa em um espaço totalmente reformado (o largo e a igrejinha), que foi entregue à comunidade, pelo Governo do Estado, no fim do ano passado. Principal encontro de grupos de bumba- meu-boi, o Festejo de São Pedro reúne milhares de pessoas, entre boieiros e fiéis ao santo. Os brincantes finalizaram suas apresentações no meio da manhã, nas ladeiras e as escadarias da Capela de São Pedro quanto ponto de exibição dos diversos sotaques do secular da Cultura Popular Maranhense.


Junto à volta do festejo, era esperada uma procissão marítima com muitas embarcações, no amanhecer de São Pedro, e houve uma maré de críticas dos devotos em consequência de ouvirem que apenas a lancha Bahia Star sairia do Cais da Praia Grande, conduzindo o andor do Padroeiro dos Pescadores, pela Baía de São Marcos. Já no fim da tarde, o largo de São Pedro ficou cheio com vendedores de souvenirs (lembranças alusivas ao folguedo) e assistentes da missa campal, com o palco adornado com a barca-andor do popular Pedro Santo, que deverá ter uma passagem muito melhor, em 2023, na crença de muitos observadores do evento deste ano.


Texto: Gutemberg Bogéa e Herbert de Jesus Santos
VEJA VÍDEO DA FESTA
A triunfante descida do Bumba meu boi de Santa Fé, no Largo do Caldeirão na Madre de Deus, ao som da inconfundível cornetada do grupo folclórico – Vídeo: Gutemberg Bogéa