Com grande acompanhamento de familiares, parentes amigos, dentre seus admiradores, entre desportistas e frequentadores assíduos da sua barraquinha de venda de cachorro-quente, no Beco do Pacotilha (Rua João Victal de Matos), foi sepultado, às 10 h 20min de ontem, no Cemitério do Grupo Salvatore (antigo Jardim da Paz, na Estrada de Ribamar), o corpo de Companheiro, como era mais conhecido, em São Luís, José Carlos Nunes. Ele já vinha com a saúde debilitada, estado que se agravou após a perda da esposa, Dona Zenaide, tanto que mergulhou numa tristeza em que só encontrava um pouco de alento no trabalho, na conversa com os amigos, no tradicional ponto do Beco do Pacotilha, onde vendia o seu famoso cachorro-quente há quase 40 anos, nos últimos tempos em companhia do seu filho, Jackson Companheiro. Faleceu no Hospital Socorrão I, na manhã de anteontem.
Bom de conversa, entre seus fregueses, ou melhor amigos, no Beco do Pacotilha, nas manhãs de segunda à sexta-feira, entre uma venda e outra de seu delicioso alimento, com suco ou refrigerante, ele sempre dizia que havia começado ajudando na barraquinha de um cunhado (casado com sua irmã mais velha dele), que chamava todo mundo Companheiro, quando ganhou o apelido repassado, tempos depois, para ele: “Aqui nesse espaço, eu já estou há 39 anos, mas também vendi por muito tempo ali na Praça Deodoro, perto do Liceu!”— dizia, amiúde.
Morando no Anjo da Guarda, sempre chegou bem cedinho, para começar a vender antes das 7h. Normalmente, antes do meio-dia, vendia tudo. Foram 59 anos vendendo cachorro-quente. Antes, vendia durante o dia inteiro, até à noite, e também sábado e domingo. Falou certa feita: “Hoje não dá mais, porque a gente sempre tem alguma ocupação. Mas a minha vontade era vir todo dia. Não penso em me aposentar disso daqui. Vou continuar vendendo cachorro-quente enquanto Deus permitir, porque é só Ele quem sabe a hora certa das coisas acontecerem. Quando Ele disser pra eu parar, eu paro. Enquanto isso, vou vendendo cachorro-quente!”
Foi Deus, então, Quem estabeleceu a hora de Companheiro parar, e por isso São Luís amanheceu, ontem, com um sentimento de tristeza e saudade pela partida de uma figura que se tornou um verdadeiro símbolo do Centro Histórico, falecido aos 83 anos, deixando para trás uma legião de admiradores e uma trajetória de décadas como vendedor de cachorro-quente no tradicional Beco do Pacotilha!