No domingo (13), ocorreu a live da cerimônia de encerramento da V Mostra de Cinema Negro de Mato Grosso,que teve como apresentadores a produtora cultural Amanda Nery, a editora Anna Maria Moura, a realizadora audiovisual Juliana Segovia, a comunicadora Luiza Raquel, o filosofo e escritor Wuldson Marcelo e o convidado especial do evento: o roteirista e diretor Jeferson De.
O evento surgiu com o objetivo de contribuir para a relação entre o Mato Grosso e o cinema, que ainda é incipiente, e aumentar o nível da representação negra nas obras do estado do Centro-Oeste. Tendo como tema a sobre(vivência), a mostra competitiva da edição desse ano contou com filmes produzidos em diversas partes do país, ficaram todos disponíveis no site quariterê.com.br entre os dias 6 e 13 de Setembro.
Durante a live; que contou com a participação da maior parte do júri oficial da mostra, no caso,a publicitária Ana Maria Araujo, a cientista social Ana Paula Alves Ribeiro, a atriz e professora Edilene Rodriguez, a escritora Luciene Carvalho e a produtora de elenco e diretora de arte Sasa Timótheo; foi realizada a premiação para os vencedores de diversas categorias, tendo o clipe maranhense “Batidão” sido escolhido pelo júri técnico como vencedor da categoria de melhor videoclipe.
O projeto maranhense, estrelado por Enme Paixão, dirigido por Jessica Lauane e coreografado por Yuri Pinheiro, foi lançado em fevereiro e produzido pela Clockwork Filmes; repleto de referências a renomadas artistas da musica mundial, como Beyonce e Rihanna, a produção, que foi filmada em apenas um dia, surgiu com a idéia de mesclar energia, empoderamento, autoestima e raízes.
Jessica Lauane conta que decidiu trabalhar com audiovisual ainda quando era criança, porém devido ao fato do setor receber pouco incentivo no Maranhão, a diretora voltou suas atenções para fotografia. Em 2018, foi convidada por Enme para realizar o ensaio fotográfico do clipe “Sarrar”, mas acabou dirigindo a produção por inteiro, o que lhe serviu de incentivo para estudar produção cinematográfica no IFMA.
Jessica Lauane conta que não é impossível realizar bons trabalhos no nosso estado e explica a importância dessa conquista.
“De certa forma, esse premio contribui muito para nós que trabalhamos dirigindo clipes e filmes aqui no Maranhão, já que assim deixamos claro que é possível sim realizar produções de qualidade, principalmente com a quantidade de pessoas talentosas e dedicadas no estado, basta que todos se organizem e foquem em alcançar o que querem”, afirmou Jessica.
Formada em Publicidade, Enme Paixão iniciou sua carreira com o projeto “Baddest”, que visa o protagonismo de jovens negros LGTBQ e hoje trabalha como DJ, rapper, compositora e drag queen, além de co-produzir e roteirizar grande parte dos seus trabalhos. Em conversa com a reportagem, a artista deixou claro, a importância do trabalho em grupo para o desenvolvimento do clipe e elogiou o trabalho da responsável pela direção.
“Batidão é uma construção coletiva, então essa vitoria também é coletiva; eu agradeço muito a todos que fizeram parte desse belo trabalho, inclusive a Jessica, que conhece e sente meu estilo, sente minha vibe e acaba sempre conseguindo entender a visão e o objetivo de cada trabalho, entregando assim ótimos projetos audiovisuais”, desabafou Enme.
A drag utilizou suas redes sociais não só para agradecer a equipe do projeto, mas também para contar parte de sua historia, dizendo que em 2012, ano em que ingressou na universidade, percebeu a possibilidade de conciliar seu curso com a área de entretenimento, que sempre chamou sua atenção, e também aproveitou para passar uma mensagem.
“É uma sensação deliciosa olhar e relembrar cada momento e cada batalha que foi realizar todos os projetos desenvolvidos e todas as histórias que estão por trás deles. Nada foi dado, tudo foi conquistado, precisamos saber onde queremos alcançar e qual caminho vamos trilhar, afinal o mundo nos impõe dificuldades, então a gente tem que desdobrar pra ser cada melhor e ter um pouco de reconhecimento, mas a gente não desiste”, declarou a artista em vídeo postado no Instagram.
O coréografo Yuri Pinheiro começou a dançar aos 11 anos, quando morava no interior de Penalva e aos 17 anos veio para São Luís realizar uma audição, objetivando alcançar uma bolsa na escola de dança Expressar, foi nesse momento que os professores perceberam o potencial do dançarino e passaram a colocá-lo para realizar apresentações junto com os grupos mais avançados, além de incentivá-lo a nunca parar de estudar e aconselhá-lo inclusive a estudar fora.
Hoje, o responsável pela coreografia do clipe vencedor no Mato Grosso divide a carreira de coreógrafo com a de professor e diretor de uma companhia de dança que ele mesmo fundou, o profissional de dança foi peça chave da coreografia do clipe “Killa”, também estrelado por Enme Paixão e que levou o premio de melhor clipe performático no festival Maranhão na tela em 2019.Yuri Pinheiro conta como se deu o processo pra realizar o trabalho que foi feito na produção maranhense.
“Quando o clipe foi idealizado e quando foi passado para mim o roteiro, o cenário e as referências, fui logo pensando na energia e potência que a coreografia deveria carregar, a equipe sempre trabalha em conjunto e a diretora geral sempre me deu permissão para criar e dirigir a coreografia. Estava tudo perfeito durante as gravações; antes mesmo do projeto ser finalizado, já sabia que o público iria amar o que estávamos fazendo”, comentou Yuri Pinheiro.
Vencedores de cada categoria
Melhor documentário:“Canções de amor de uma bicha velha” – Direção: André Sandino Costa, Rio de janeiro, 22 minutos, ano: 2020.
Melhor Experimental:“Memórias de Maturidade” – Direção: Luanna Sampaio, Mato Grosso, 9 minutos, ano: 2020.
Melhor Ficção:“Barco de papel” – Direção: Thais Scabio, São Paulo, 15 minutos, ano: 2018.
Melhor videoclipe:“Batidão” –Direção: Jessica Lauane, Maranhão, 3 minutos, ano: 2020.
Menção honrosa:“Enraizadas”- Direção: Gabriele Roza e Juliana Nascimento, Rio de janeiro, 14 minutos, ano: 2019.
Prêmio de Juri Popular:“Manifesto preto: dukiddy ativista” –Direção: Lygia Pereira, São Paulo, 4 minutos, ano: 2020.
Texto: Ítalo Cavalcanti – Estagiário do JP Turismo
Muito bom o texto e reportagem. Parabéns ao Italo Cavalcanti.