Não foi só uma vez que falei para os meus chegados do Quebra-Bunda, ou Beco da Pacotilha, também Rua João Victal de Matos, para não esmorecerem em ajudar na conservação do recinto legendário, vitimado a toda hora por vândalos, em carro, motocicleta e na escavação do piso centenário, sem que houvesse contenção para a sua passagem perniciosa. Eles são: Manoel Marinho, o decano dos exímios artífices, com sua relojoaria no meio da prestigiosa artéria; Sílvio Líbio (Pixito), ourives, Luís Domingues (Pinheirinho), relojoeiro; Antônio José Soeiro (Oficial), relojoeiro, e Carlos Alberto Santana (Seu Carrinho), ourives; com uma vida nos seus ofícios, em que a freguesia não arriba pela confiança na incumbência para a recomendação na praça. Na ourivesaria de Sílvio Líbio, sucessivamente, sugeri até uma representação para a oficialização da vigilância comunitária junto às autoridades municipais. Em compensação, recebi, amiúde, que a imprensa nativa não exercita a defesa ansiosa por eles, e devolvi que o JP Turismo, o combativo e cioso semanário do Jornal Pequeno, são, assiduamente, páginas de consagração em prol do Centro Histórico de São Luís, com reportagens substanciosas, pela parte que me toca, e pela irresignação em pessoa do jornalista e poeta Paulo Melo Sousa, com chamamentos excessivos à prefeitura, qual uma cacetada no cravo, outra, na ferradura. Agora, vemos com satisfação um canteiro de obras se mexendo sequioso, e reitero a fiscalização dos relojoeiros, ourives e comerciantes, se ameaçarem afundar de novo ali.
Longe de sermos picados pela mosca azul, o paço municipal avisa aos vigilantes da Cidade que desentarraxou uma série de serviços para a revitalização do calçamento das ruas avoengas, na consideração de que atingirão os pavimentos de pedra das ruas do Ribeirão, Giz, Estrela, Humberto de Campos e Santo Antônio, a adjacência da Praia Grande e anunciam para as vias do centro comercial, as ruas Domingos Barbosa, Regente Braúlio, Portugal, Godofredo Viana, 14 de Julho, Leôncio Rodrigues, e o Beco Escuro e o Conan (Desterro). Valemo-nos da nossa consciência, para que não esqueçam no meio do caminho as crateras da Rua de Santana, e a bagunçada Praça da Alegria, e a nojeira do terminal de ônibus da Fonte do Bispo. E quando a reinauguração da Praça do Panteon, prometida para três meses, em 2013, e já quase um ano?
Beco do Quebra-Bunda, Quebra-Costas, ou da Pacotilha — Um guia de turismo por excelência, ciceroneando o Mundo, na insuflação do seu conhecimento, em procedência, alvejaria: É uma artéria estreita e irregular, com acentuada inclinação, próximo ao Largo do Carmo, vindo daí os gracejos das suas nomeações, em virtude das quedas que os transeuntes levavam ao descê-la, no período chuvoso. Ainda é Rua João Victal de Matos, e o Beco da Pacotilha decorre da existência de um jornal de repercussão do fim séc. 19 às três décadas iniciais do séc.20: Pacotilha, que funcionou no prédio de azulejos verdes, que permanece em pé e vistoso, que fora do Barão de Coroatá, e onde marcou época o redator, poeta, romancista, e professor do Liceu, José do Nascimento Moraes.
UBIRATAN TEIXEIRA MERECE UM ESPAÇO CULTURAL COM SEU NOME
Onde Ubiratan Teixeira caberia como uma luva — Para mais ilustração ao famoso logradouro, amigos prestigiosos de Ubiratan Teixeira (Seu Bira), recentemente desaparecido, cerrariam fileira, nos segmentos políticos e intelectuais, para a sua consolidação ao póstero, na consecução dum acervo em memória do alteroso maranhense. A peleja vai ser mais acirrada, quando os secretários da Educação e da Cultura, no Estado e no Município, tencionarem o privilégio de obras de conterrâneos, na grade curricular do ensino público, que sepultaria a caveira de burro: O saudoso polígrafo lutou até o fim contra o pensamento cancerígeno das gestões atrasadas, que minam a saúde da nossa inteligência conceituada na Academia Brasileira de Letras e União Brasileira de Escritores.
MANOEL MARINHO, O DECANO DOS ARTÍFICES DA ÁREA E CRÍTICO ÁCIDO DOS CORRUPTOS DO BRASIL
“Com Z ou S, Devolvam a Minha Cidade Mística!” —Seu Bira ascendeu sua percepção mais aguçada, que fazia o máximo possível, acima dos torniquetes, a ostentação do seu nasal. No início dos 1980, na polêmica da mudança da grafia de São Luís (com s) por São Luiz (com z), proposição do vereador e professor de Português Ubirajara Rayol, sua sisudez ofereceu a gentileza da palpitação prestimosa, em sua coluna, no jornal O Estado do Maranhão, qual a mais decisiva falange: Com Z ou S, Devolvam a Minha Cidade Mística! — culminando na intercessão da Academia Maranhense de Letras (AML), resolvendo a parada com o historiador Mário Meireles e os poetas José Chagas e Manuel Lopes, no livreto essencial São Luís com S. De lambuja, Seu Bira surgiu na comissão de frente da Escola de Samba Pirata, no certame oficial de 1983, na passarela do samba da Praça Deodoro, em homenagem póstuma ao jornalista e escritor Erasmo Dias, ao lado do poeta Valdelino Cécio, Nathanael Fernandes de Sousa (dos Apicuns e que digitou uma das obras-primas erasmianas, a fabulosa novela Maria Arcângela), e do gracioso ex-vereador Luís Augusto Monier Alves (Papagaio), todos atenciosos à minha solicitação, eu somente diretor de carnaval e da ala de compositores da agremiação ribamarense.
PINHEIRINHO E SÍLVIO LÍBIO JUSTIFICAM A FAMA DAS OFICINAS DO BECO DA PACOTILHA
“A Academia não faz nenhum de nós!…” — Seu Bira tinha nome para ver que “A Academia não faz de nós escritores!”, num bilhete a mim em que não foi nem tanto ao mar nem tanto à terra se me concederia seu voto, quando iniciei minhas pretensões à AML, não exitoso, e entusiasmado com dois títulos de crônicas premiados no concurso da Secma, ter um deles (Bazar São Luís, Artigos Para Presente e Futuro) tema de enredo da Escola de Samba Unidos de Fátima (no carnaval de 1989), um título de contos, Quase Todos da Pá Virada (de “Páginas literariamente adultas”, em consonância com o poeta e ensaísta grandioso Nauro Machado), Cartas na Mesa Entre as Cadeiras da Academia, artigo publicado em O Imparcial, com que o poeta e cronista Bernardo Almeida declarava sua preferência ao seu colega jornalista e escritor, em ebulição, e do Júri dos Concursos Literários do Sioge, e, no órgão estadual, ser o revisor das obras dos nossos autores, com os da AML: dele, a portentosa novela Vela ao Crucificado, a hitchcockiana O Banquete, Sol dos Navegantes (contos), e, há seis anos, quando precisou de revisão ao seu também premiado O Labirinto (novela).
SEU CARRINHO E OFICIAL TAMBÉM FAZEM HONRA AO MÉRITO EM SUAS REQUISITADAS PROFISSÕES
“Um bom escritor é para ser lido bem!” e Poesia, A Música das Palavras — Foi o mestre e prosador de mão-cheia Fernando Moreira (numa senhora aula de História da Literatura, no Curso de Comunicação Social —Jornalismo— da UFMA, no ILA —Instituto de Letras e Artes—, em 1976, na Praça Gonçalves Dias) quem lecionou para a minha turma apreciadora, rumo ao Campus do Bacanga, que melhor para o autor não era uma Academia de Letras, porém ser lido, com suficiência. Ele adicionou este ensinamento ao dez que concedeu a um trabalho que passou sobre gêneros literários, e eu sugestionei para a equipe valorosa o tema Poesia, A Música das Palavras, que foi recepcionada, com um sorriso seu, sinceramente, rápido.
Os grandes (Ubiratan Teixeira e Fernando Moreira) se reconhecem — Fernando Moreira —dramaturgo, crítico, contista, ensaísta, etc.—, desaparecido fisicamente em 1994, teve parte de sua obra escrita para teatro organizada pelo amigo e também do ramo, Ubiratan Teixeira, no título Teatro Escolhido, lançado em 27.11.2012, no Café Literário do Centro de Criatividade Odylo Costa, filho). Com eles, quem vale a pena não nasceu para morrer! Seu Bira teve o passamento aos 83 anos, em 15.6.2014, foi da AML, professor, crítico de arte, jornalista, cronista, ficcionista, diretor e autor de textos teatrais, e deixou diversas obras premiadas.
(*)Texto de 2014, do livro inédito, meu 19.º, no ponto de impressão, Brilhantes no Tempo de Cada Um (São Luís em Verso, Prosa e Quatrocentona), com mais de 400 páginas e fotos. Publicado, originalmente, no JP Turismo; em 2017, o Iphan encetou a restauração da Praça do Panteon, Deodoro, Rua Grande e acena com a do Largo do Carmo e Praça João Lisboa; poderia proibir o trânsito de automotores no Beco da Pacotilha. Seu Bira ficaria regozijado com aquisição de livros de autores maranhenses, pelo secretário estadual da Educação, Felipe Camarão, para as bibliotecas escolares em todo o Maranhão.
Texto: Herbert de Jesus Santos
Fotos: Jorge Ribeiro e Flora Dolores